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19-11-2009

O povo percebe mal estas maluqueiras


Editorial - Eu escuto, tu escutas, ele escuta…

Este caso das escutas e da confusão que reina na justiça nacional tem sido objecto de muitos artigos de opinião, comunicados, comentários, contra comentários, ameaças mais ou menos claras, mas sobretudo de muita baixaria política.

É estranho que o senhor primeiro ministro seja constantemente escutado pelos magistrados que lideram investigações. Sempre que há um caso de polícia, escutam um senhor que está envolvido num qualquer esquema maroto e, como que por azar, o homem tem o número do Eng. Sócrates e liga-lhe. Não se entende; será que o senhor primeiro ministro dá o telefone a toda a gente ou tem-no páginas amarelas? Eu acredito na seriedade do PM, mas era bom que se desse ao respeito e provasse, sem medo, que nada tem a ver com estes assuntos, mostrando, de peito aberto, os documentos que entendesse para se libertar destas coisas. É que dizer que são campanhas negras já ninguém compra e a mania da perseguição também não ajuda em nada. Também é estranho que alguma oposição se aproveite deste caso quando tem tantos telhados de vidro.

Outra coisa que ninguém entende é esta coisa do segredo de justiça. O segredo de justiça serve para proteger o bom nome daqueles que estão a ser investigados, caso a justiça acabe por não descobrir nada. Assim se evita que fiquem com o nome manchado na praça pública. Ora, as constantes fugas de informação só podem sair dos operadores da investigação e da justiça. Será assim tão difícil acabar com estas fugas de informação investigando dentro de casa ?

O povo percebe mal estas maluqueiras que tornam tão complicada a justiça. A Justiça só é eficaz se for rápida, cega e independente. Ontem ouvi um deputado com uma certa graça dizer que também deveriam por uma venda na boca da figura que representa a Justiça. O melhor é o senhor presidente da República chamar o procurador geral, o presidente do supremo, o ministro da justiça, e quem mais entender, metê-los numa sala e só os deixar sair quando se entenderem e resolverem o problemas da Justiça.

António Granjeia
Director


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