O Mamarrosa Futebol Clube é um clube muito peculiar. O clube é gerido por uma Comissão Administrativa e quem a compõe não tem pejo em afirmar que se trata de um grupo de amigos que trabalha na base da carolice, no amor ao clube e nos princípios da amizade e do convívio. São apenas seis elementos: Rocha, Alfredo, Costa, Jorge, Barreiro e Tony, (os dois últimos são jogadores).

O principal objectivo deste grupo de amigos, que iniciou a terceira época à frente dos destinos da colectividade, fundada em 1941, é não deixar que o Mamarrosa FC feche as portas e, em uníssono, dizem que, enquanto tiverem forças e todos mantiverem este espírito de união, quiçá com a colaboração dos jogadores, o que tem acontecido até à presente data, continuarão a exercer o seu papel em prol do clube e da freguesia.

Amor à camisola. Carlos Rocha é o principal rosto da Comissão Administrativa. Homem de vários ofícios (quando a nossa reportagem chegou ao bar do clube estava a fazer o jantar para os jogadores), apontou alguns dos motivos que move este grupo de amigos a gerir o Mamarrosa FC: "É o amor ao clube, a amizade e a carolice. Somos sempre os mesmos, sendo de louvar que nem todos são da freguesia, só eu e o Tony. Isto é uma espécie de part-time para alguns, liberta um pouco o stress depois de um dia de trabalho, mas sempre com grande sentido de responsabilidade e de sacrifício. Todos trabalhamos em prol do desporto e da cultura."

Há, no entanto, um motivo principal: "O nosso objectivo é ajudar o Mamarrosa FC a não fechar as portas, que o campo não fique abandonado aos animais e à natureza, e que, a nível da freguesia, haja alguma coisa, pois o Mamarrosa FC é o único clube desportivo na freguesia."

No campo das infra-estruturas, a Comissão Administrativa não pensa fazer grandes obras. A excepção é a pintura interior da sede, cuja tinta foi ofereciada ao clube. Carlos Rocha tem, no entanto, um desejo: "Penso que ainda está de pé um protocolo para o melhoramento dos balneários assinado entre o clube e a Câmara Municipal de Oliveira do Bairro. No entanto, preferia que esse protocolo fosse transformado para a construção de uma mini bancada coberta."

Com um orçamento de 12 mil euros, os apoios não abundam. A Comissão Administrativa conta apenas com os apoios da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, Junta de Freguesia da Mamarrosa, do novo patrocinador para esta época, a empresa Armando & Lúcia, de Armando Pato, de alguns, mas poucos, como nos confidenciaram, empresários da freguesia e do bar do campo, onde os jogadores nos finais dos treinos e dos jogos têm dado um contributo muito importante. No fundo, como alguém dizia, "são eles que dão lucro ao bar".

"Apenas temos 20 jogadores. Não temos mais porque não pagamos. Apenas oferecemos, no final dos treinos e dos jogos, jantar aos jogadores. O grupo gosta deste tipo de convívios, sente-se bem, é praticamente uma família. No resto, é tentar fazer alguma coisa dentro do campo", afirmou Carlos Rocha.

E quais os objectivos desportivos? Também neste particular, Carlos Rocha mostrou como o Mamarrosa FC é um clube suigeneris: "Manter o clube vivo e em actividade, participar no campeonato com fair-play, com humildade e tentar fazer o melhor possível, sem esquecer a sã convivência, visto que moldaram o campeonato à moda antiga, com muitos derbies."

E, por falar em novo campeonato, o dirigente argumentou que não concordava totalmente: "O campeonato com três séries teria mais equipas, mais jogos, seria mais competitivo. É muito melhor do que o da época passada (3.ª Divisão), terá mais receitas e menos gastos, principalmente a nível dos transportes, o que também beneficia a autarquia."

Satisfação. Bruno Ferreira foi o porta-voz da equipa técnica. O treinador adjunto de João Almeida, que ainda faz uma "perninha" como jogador, já faz parte da mobília. Esteve no clube, saiu para a equipa do Inatel da Arviscal, esteve um ano parado e regressou à base com uma missão diferente daquela a que estava habituado. Homem de campo, o que dá a preparação física aos jogadores, Bruno Ferreira diz que tudo está a correr bem: "O grupo tem sido fantástico, coeso e responsável", embora tenha reconhecido que a grande dificuldade é reunir todos os jogadores nos treinos: "Há jogadores que trabalham por turnos, por vezes é difícil ter todos os atletas disponíveis (a média por treino é de 12/13 jogadores), o que dificulta os aspectos técnicos e tácticos."

Se por vezes essa vertente não é consolidada, há outra faceta que deixa os responsáveis técnicos satisfeitos, visto que a porta está sempre aberta e há elementos que treinam com a equipa sénior, que ajudam o grupo e gostam do ambiente.

Bruno Ferreira tem a palavra "humildade" na ponta da língua, quando volta a falar do grupo de trabalho: "Começámos a época tarde, fomos talvez o último clube a começar a pré-época, mas o facto da espinha dorsal da época passada ter ficado praticamente toda tem facilitado o nosso trabalho."

No que toca aos objectivos, Bruno Ferreira disse: "Não temos grandes aspirações. Vamos trabalhar com humildade e competir para não deixar morrer o futebol na Mamarrosa. Tudo o que vier por acréscimo será bem-vindo. Queremos ter também uma boa relação com todos os clubes da Bairrada."

Sobre o novo formato do campeonato, o treinador adjunto do Mamarrosa disse concordar plenamente, pois irá ajudar os clubes nas receitas.

Já a nível da competitividade, Bruno Ferreira garantiu que "há dois níveis de equipas. Equipas teoricamente superiores, que vêm de escalões superiores e com um futebol diferente da nossa realidade, o que irá ajudar este e outros clubes com as mesmas aspirações do Mamarrosa a melhorar futebolisticamente e a trabalhar melhor".

Baliza. Barreiro, um dos elementos da Comissão Administrativa, já leva 11 anos de futebol, sempre no Mamarrosa. Jogou sempre em todas as posições da defesa. Esta época, como não surgiu ninguém para aquela posição, Barreiro assumiu a baliza. "Defendi uma vez em Parada de Cima contra a CRAC e há meia dúzia de anos em Famalicão, quando um colega meu se lesionou."

E como está a correr esta nova experiência? "Modéstia à parte, está a correr bem, além das expectativas iniciais. Sou mais um para ajudar, seja nesta ou noutra posição do terreno."

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Plantel

Guarda-redes:Barreiro.

Defesas:João, Jony, Richard, Tony Mota, Castro, William, Pipocas, Sandro II (regresso) e Correntes (ex-júnior do Bustos).

Médios:Ninho, Wilson, Sandro I, Serginho, Alex (1.ª inscrição), Mendes e Franklin (ambos ex-Ribeira/Azenha).

Avançados:Juan, Alexandre e Bruno (regresso).

Treinador:João Almeida.

Treinadores adjuntos: Bruno Ferreira e Tony Mota.

Manuel Zappa

zappa@jb.pt