Resolvi voltar a este assunto, tal a importância para a Europa da queda do muro de Berlim. Algumas sondagens realizadas mostram hoje algum desencanto com os modelos económicos que substituíram os regimes comunistas, mas é preciso saber que a verdadeira causa da desagregação da cortina de ferro foi a falta de liberdade e livre circulação. O modelo económico esgotado, a falta de géneros, o consumo como o vemos no ocidente, não foram a causa principal, pelo menos na Ex-RDA, que despoletaram a queda do muro e do regime. Não é possível, mesmo garantindo uma casa a todos, assistência médica e ensino gratuito, que as pessoas não se revoltem, quando 20% da população era informadora ou agente da polícia política.
A ilusão de que as ditaduras são reformáveis, não passa de um mito. Apenas as podemos e devemos derrubar.
Com graça, ouvi alguém que não conheço dizer neste dias: "foi excelente acabar com o comunismo e os comunistas, mas temos de admitir, que algumas coisas que esses líderes comunistas diziam sobre o capitalismo, era verdade".
É uma observação cáustica para o modelo económico e de desenvolvimento que o ocidente trilha. É necessário reformular o modelo capitalista vigente, fazendo com que a economia de mercado tenha uma componente social forte e credível.
A globalização da economia tem benefícios evidentes, mas não pode custar aos países em desenvolvimento apenas exploração da força de trabalho; aos desenvolvidos o desemprego e mais valias aos especuladores.
A Europa e a Alemanha dos pós-guerra em particular, souberam bem aplicar um modelo, a chamada economia social de mercado apoiada na doutrina social da igreja. Só é preciso reaplicá-lo com imaginação. Caso contrário, a destruição da cultura ocidental é irremediável, como o foram no passado outros grandes impérios. O primeiro indício, a queda abrupta da natalidade, já aí está.