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05-11-2009

No seio da discórdia está a compra de um terreno


O. do Bairro - Câmara Municipal e Igreja de candeias às avessas

As relações entre a Paróquia de Oliveira do Bairro e a Câmara Municipal de Oliveira do Bairro azedaram por causa da construção da futura Casa da Cultura de Oliveira do Bairro.

No seio da discórdia está a compra de um terreno, entre a futura Casa da Cultura e a Casa Paroquial, que já andava a ser negociado pela Comissão Fabriqueira, há vários anos. Agora a Comissão Fabriqueira descobriu que a construção da Casa da Cultura vai ocupar o terreno que a própria Câmara tinha incentivado a Fabriqueira a adquirir.

Discórdia. O Pároco de Oliveira do Bairro, António Cruz, no dia 25 de Outubro, entregou a todos os paroquianos um documento onde clarifica o que se está a passar e publica uma carta que o Bispo de Aveiro enviou ao Presidente da Câmara de Oliveira do Bairro.

António Cruz escreve que "os responsáveis da Câmara têm plena consciência que a construção da Casa da Cultura vem prejudicar a construção do actual Centro Paroquial". "Este triste acontecimento foi dado a conhecer ao Bispo de Aveiro e à Comissão de Arte Sacra que, com a Comissão Fabriqueira, já se deslocaram à Câmara Municipal para tentarem outras soluções".

António Cruz refere ainda que "o presidente da Câmara não recebeu o Bispo por desconhecer a sua presença nos Paços do Concelho" e que "o responsável pelo pelouro das obras com arrogância não quis transmitir o resultado das conversações, dizendo mesmo que não tinha nada a comunicar e que fôssemos nós a fazê-lo por escrito".

O pároco recorda, no mesmo documento, que "há muito tempo que nos encontrávamos em plena negociação, eis que aparece a Câmara com uma maqueta para a Casa da Cultura a ocupar o referido espaço". "Logo a Comissão Fabriqueira reagiu a este modo de actuar. Não será esta atitude uma desonestidade, deslealdade e abuso de poder dos senhores responsáveis pela Câmara"?

"Perante esta falta de comunicação e de diálogo, o Bispo de Aveiro escreveu ao presidente da Câmara, há cerca de um mês, e não obteve qualquer resposta (parece estar a preparar-se uma resposta técnica)", lê-se.

Diálogo. No mesmo documento, o Bispo António Francisco escreve que "se o projecto da Casa da Cultura for executado, tal como está pensado naquele lugar e daquela forma, retirará a luz e o sol ao edifício do Centro Paroquial Pastoral, tornando-o mais húmido e desconfortável".

O bispo afirma que "nos sentimos prejudicados e reconhecemos que devemos tudo fazer para obviar a outras soluções que possam contribuir para o bem de todos e para a dignificação e embelezamento de um espaço que é um lugar privilegiado e central no desenvolvimento da cidade".

D. António Francisco dos Santos refere que a igreja está aberta "ao diálogo feito na verdade e na aceitação de novas propostas para uma solução que a todos valorize e beneficie, mesmo que uma das possibilidades passe pela cedência por parte da igreja do actual edifício à Câmara Municipal em acordo concertado e com as necessárias ajudas para construirmos noutro lugar da cidade. Isso permitiria implantar a casa da Cultura de forma diferente e em espaço mais indicado".

O presidente da Câmara Municipal, Mário João Oliveira, refere que mantém institucionalmente as melhores relações e que a resposta ao ofício do Bispo de Aveiro, recebido a 7 de Outubro, foi dada no dia 23 de Outubro.

Mário João garante toda a disponibilidade para colaborar com a diocese e que a autarquia está disponível para encontrar uma solução que dignificará o edifício Paroquial que sairá reforçado com melhores condições. O vice-presidente da Câmara, Joaquim Santos, que é acusado pelo pároco de arrogância, desmente categoricamente tal postura, afirmando que nunca poderia ser arrogante, quando tinha o bispo à sua frente.

JB não conseguiu contactar o Bispo de Aveiro, enquanto que o Pároco de Oliveira do Bairro, António Cruz, afirma que não pretende alimentar polémicas e que dá o caso como encerrado.


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