Os deputados do CDS/PP e do PS chumbaram (14 votos contra e onze a favor), na sexta-feira, na Assembleia Municipal, a integração do concelho de Oliveira do Bairro na futura empresa "Águas da Região de Aveiro" (ARA). A ARA abrangerá os serviços municipalizados das Câmaras de Aveiro, Águeda, Albergaria-a-Velha, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Sever do Vouga e Vagos. Assembleias de Aveiro e Estarreja reuniram-se, ontem à noite, para discutir a integração, enquanto que Águeda votou favoravelmente, também na sexta, com a condição de todos os municípios aceitarem.
Pé atrás. Para Armando Humberto, do PS, o que "está em jogo é algo que vai afectar os munícipes nos próximos 50 anos. Sejamos claros, nenhum de nós tem legitimidade política de nos fazer embarcar neste barco". Armando Humberto defendeu que a água é um bem precioso, pelo que "se deve ter uma discussão de fundo sobre este tema", afirmando que "a forma apressada e pouco clara como este processo tem sido conduzido deixa-nos, naturalmente, de pé atrás".
O deputado do PS sublinhou ainda que não é altura oportuna para aprovar esta integração, uma vez que "andamos todos escaldados com o resultado de pseudo-brilhantes engenharias financeiras".
Transparência. Jorge Pato, do CDS/PP, explicou que "o processo da constituição da nova empresa não é transparente". "A ARA ganhará milhões de euros à custa da população." "Oliveira do Bairro só tem a perder, até pela elevada cobertura de água e saneamento que o concelho possui", esclareceu. Defendeu ainda que "sendo a água um bem essencial, nunca a poderíamos deixar na mão de privados", justificando que "a integração de Oliveira do Bairro iria duplicar a factura, numa altura em que o número de cortes por falta de pagamento é elevado".
Por seu lado, Nuno Barata, representante da bancada do PSD, deixou claro que "a integração na ARA se trata de uma oportunidade única para o concelho". "Esta é a única forma de conseguirmos verbas significativas dos fundos comunitários, com a finalidade de substituir e expandir as redes de água e saneamento."
Aumentos. Mário João Oliveira, presidente da Câmara Municipal, sublinhou que "a autarquia, independentemente de aderir ou não, vai ter que aumentar o preço da água que não sofre aumentos desde Maio de 2006". Relativamente às previsões do custo da água em 2014, o edil garante que ninguém poderá fazer os cálculos certos, uma vez que "fazer projecções a mais de um ano é arriscar demais", sublinhando que "a Assembleia é soberana para tomar a decisão".
Pedro Fontes da Costa
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