Nuno de Santa Maria será o oitavo santo do catolicismo português no dia 26 de Abril de 2009.
Muitas vezes não ligamos aos epitáfios mas o de D. Nuno Álvares Pereira, destruído no Terramoto de 1755, resumia toda a sua vida dizendo: "Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."
Nuno Álvares Pereira (1360-1431) Condestável do Reino, foi absolutamente decisivo na crise de 1383-1385. Ajudou a consolidar a pretensão régia do seu Rei, D. João I, assegurando a independência de Portugal na importante batalha de Aljubarrota, que abriu caminho para aquela que seria a época mais brilhante da história nacional - a época dos Descobrimentos.
D. Nuno, para além do general e estratego militar brilhante, possuía uma profunda espiritualidade. Ingressou na vida monástica e dedicou a última parte da vida ao auxílio dos pobres e à prática da oração. Em 1423 professou como simples irmão, encarregado de atender a portaria e ajudar os pobres usando o nome de Frei Nuno de Santa Maria. Morreu despojado de todos os bens materiais sendo beatificado em 23 de Janeiro de 1918.
A Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa que assinala a sua canonização refere com clareza o porquê da importância destes simbolismos no mundo contemporâneo: "Vivemos em tempo de crise global, que tem origem num vazio de valores morais. O esbanjamento, a corrupção, a busca imparável do bem-estar material, o relativismo que facilita o uso de todos os meios para alcançar os próprios benefícios, geraram um quadro de desemprego, de angústia e de pobreza que ameaçam as bases sobre as quais se organiza a sociedade. Neste contexto, o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também um apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão do melhor humanismo ao serviço do bem comum."
António Granjeia*
*Director