Com o objectivo de disponibilizar a docentes, pais e encarregados de educação informação de base para a utilização do computador "Magalhães", a Câmara de Anadia promoveu no passado dia 2, na Biblioteca Municipal, uma acção que envolveu cerca de 90 pessoas, sobretudo professores do ensino básico do concelho.

Uma acção que, na opinião de Ângelo Santos, responsável pela área da Educação da autarquia anadiense, é uma forma de auxiliar docentes a entender o "Magalhães", como um auxiliar pedagógico nas escolas.

Por seu turno, Jorge Sampaio, vereador da Educação do município registaria, na sessão de abertura, duas notas e três preocupações inerentes ao computador.

Ciente de que com a entrada do "Magalhães" se entra numa nova era da aprendizagem, considera ser "incontornável que se trata de uma importante e potente ferramenta de trabalho à disposição de qualquer criança, a partir dos seis anos", e que, por isso, deve ser trabalhada por forma a que seja "positiva e útil".

"Uma ferramenta que vai revolucionar a Educação e que encerra, em si mesma, três grande preocupações", constatou o vereador. Por um lado, porque jamais poderá substituir o professor, fundamental e indispensável numa sala de aulas. Por outro, o "Magalhães" poderá ser uma tecnologia que tende a substituir a capacidade e os métodos de raciocínio antigos. "Receio que possa contribuir para que os nossos filhos percam a capacidade de raciocínio para resolver problemas", disse, considerando igualmente preocupante a questão do controle de conteúdos e os perigos inerentes à utilização da internet. "Tem de haver um grande cuidado e atenção, sobretudo junto do que as crianças vêem, jogam ou com quem falam", sublinhou o vereador Sampaio.

Opiniões. A JB a professora Isilda Bento mostrou-se muito satisfeita com a iniciativa. Embora reconheça que poderia ter tido uma componente mais prática, esta docente, há 32 anos, considera que o Magalhães será "uma importante ferramenta de trabalho na sala de aulas e um bom auxiliar". De igual modo, o professor André Brandão considerou a iniciativa bastante pertinente, uma vez que deu aos presentes uma perspectiva geral das potencialidades do computador Magalhães, de que todos ouviram falar, mas que poucos experimentaram. Sublinha que "quando bem utilizado, permite aos pais e professores terem um controlo rigoroso do uso do computador, nomeadamente no que diz respeito ao acesso a conteúdos de Internet ou a software de entretenimento, através da definição de restrições ou por via de um sistema de pontos obtidos com actividades de âmbito educativo". Contudo não deixa de lamentar que a entrega dos computadores esteja a ser feita a conta-gotas, assim como constata que as escolas do 1.º ciclo não dispõem de rede sem fios, o que torna impossível a pesquisa orientada na Internet, em ambiente de sala de aula.

"Em suma, um recurso interessante que, quando bem usado, pode ter um papel importante no processo de ensino/aprendizagem mas não substitui as tradicionais tarefas escolares nem acaba com todas as carências das escolas", defende André Brandão.

Catarina Cerca

catarina@jb.pt