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25-03-2009

É nosso dever participar e alterar este estado de coisas


Editorial - Os males da democracia

Churchill disse um dia que "Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos". As grandes dificuldades económicas porque passamos são pasto fértil para ideias mais centralizadoras e autoritárias. Muitos portugueses não viram outra saída no final da Primeira República que não um regime autoritário.

Todos hoje sabemos os defeitos que cometemos na primeira democracia e as limitações que suportámos na Segunda República. É imperativo que todos sejamos vigilantes e defendamos esta democracia, principalmente em tempos de adversidade onde muitos atirarão pedras bem certeiras à sua incapacidade de renovação e de governo.

O que realmente me preocupa na democracia actual é a incapacidade crescente que os cidadãos têm de se interessar pela política, de se reverem nos líderes, de participar em projectos locais nas colectividades e associações. A culpa é de todos nós mas provavelmente os políticos e os partidos têm uma quota de culpa mais elevada; em primeiro porque não incentivarem a renovação interna e abusarem do culto da personalidade, de festas, romarias e de se inebriarem com obras incapazes de gerar riqueza. A estratégia do poder tem passado quase exclusivamente pela sua perpetuação navegando à vista da próxima eleição. Preocupa-me também uma nova geração de políticos que ascenderam aos cargos por nomeação política e dos quais não se conhece uma ideia em público ou uma decisão diferente da do seu mandante. Estes lugares de nomeação deveriam passar a ser de eleição ou então de carreira. Preocupa-me também a política espectáculo, mediatizada ao limite, mas que apenas vende ilusões sem concretizar a esperança prometida. Preocupa-me também a incapacidade de diálogo entre os partidos como se está a ver para nomear um novo provedor de justiça.

É nosso dever participar e alterar este estado de coisas intervindo nos partidos e nas associações com quem nos identificamos.

António Granjeia*

Director do Jornal da Bairrada


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