Está instalada a guerra entre os socialistas Rui Marqueiro e Carlos Cabral. O presidente da Assembleia Municipal da Mealhada anunciou no último sábado que pretende ser o cabeça de lista do PS nas próximas eleições autárquicas. Dois dias depois, o actual presidente da Câmara, Carlos Cabral, comunicou a sua recandidatura, bem como dos actuais vereadores socialistas e presidentes de Junta. No próximo dia 20, a Comissão Política Concelhia do PS decide quem apoia na corrida à Câmara. Rui Maqueiro explicou, no sábado, em conferência de imprensa, que ainda aguardou por um possível entendimento com Carlos Cabral, que acabou por se remeter ao silêncio. Maqueiro diz que Cabral "é um excelente gestor de silêncios, alguns dos quais ensurdecedores", sublinhando que foi o secretismo de Cabral e a falta de transparência que o levou a assumir-se como candidato. "Os projectos dos novos Paços do Município e dos Viveiros Florestais foram escondidos da população. Porquê? Têm medo de alguma coisa? Foi a muito custo que consegui o projecto dos Paços do Concelho", acrescentou. Com uma sala cheia de militantes a apoiarem a sua corrida à Câmara, Marqueiro disse pretender "alcançar a unidade que o PS perdeu na Mealhada", perdoando os militantes que, em 2001, apoiaram uma candidatura independente encabeçada por uma militante dissidente. "É importante saber perdoar, pois, durante os últimos anos, esses antigos camaradas não tiveram vida política activa. Vi muitos deles em apresentações de candidaturas nacionais do PS. Não nos podemos esquecer do que se passou em 2001, mas é altura de passar uma esponja e apoiar o regresso ao partido de quem quiser", afirmou Rui Marqueiro. O actual presidente da Assembleia Municipal da Mealhada e líder da Comissão Política Concelhia do PS Mealhada criticou Carlos Cabral por ter andado a poupar cerca de 5 milhões de euros para investir em ano eleitoral, quando podiam ter sido desagravados os impostos municipais. Em tempo de crise, afirma não ter dúvidas em destinar "quatro orçamentos municipais para as pessoas. Primeiro estão as pessoas e só depois as obras e o betão". Candidatura em bloco. Também as pessoas estão em primeiro lugar para o actual executivo, frisou Cabral na conferência de imprensa da última segunda-feira. O autarca sublinhou que, neste mandato, "Câmara Municipal e Juntas de Freguesia têm realizado intensa actividade, que privilegiou essencialmente as pessoas", dando como exemplo o investimento em equipamentos, parques de lazer, obras nas escolas, apoio ao alunos carenciados e às associações culturais e desportivas. Lembrou ainda que, de há três anos para cá, a Câmara da Mealhada é considerada uma das dez do país onde há contenção de endividamento. "Há cinco anos que não contraímos qualquer empréstimo; há três anos que não devemos nada a empreiteiros e fornecedores e isto torna a Câmara da Mealhada muito apetecível", frisou. Cabral pretende dar continuidade ao trabalho efectuado e esclareceu que a recandidatura anunciada vai de encontro à orientação nacional do Partido Socialista. O autarca diz que essa é, aliás, a intenção de todos os vereadores socialistas e dos seis presidentes de Junta eleitos pelo PS (na conferência de imprensa, apenas o presidente da Junta de Antes, Benjamim Almeida, não esteve presente, por motivos pessoais). "Se algum de nós for excluído, seja por que razão for, nenhum será candidato pelo PS", salientou. Quanto ao facto do nome do candidato à Câmara a ser escolhido pela Comissão ser decidido no dia 20 de Março, Cabral esclareceu que não foge a ter de falar com a Concelhia, mas que o presidente Rui Marqueiro "sabe a orientação da Comissão Nacional" e que esta intervirá "se tiver de o fazer". Em resposta à acusação de "gestor de silêncios", o autarca da Mealhada esclareceu que, com o seu silêncio, tem "o cuidado de apaziguar e não dizer o que me vai na alma". Pedro F. da Costa/Oriana Pataco |