Na hora em que escrevo estas linhas, não sei ainda da taxa de adesão à greve dos senhores professores pelas escolas do País. Temo que seja alta e que o incómodo para os alunos e pais seja elevado e que, portanto, a grande maioria dos alunos não tenha aulas hoje.
Não vou reflectir sobre o motivo da greve, embora pareça consensual que a avaliação dos professores deva ser algo mais que a progressão na carreira apenas por antiguidade. É por isso que não compreendo que se tenham deixado chegar as coisas a este ponto, onde o conflito já existe por ele próprio e em que se quebraram todas as eventuais pontes para o diálogo. É estranho que o governo apenas consiga conversar com 100 professores do partido socialista e mesmo esses não tenham saído muito convencidos. É absurdo que, depois de se terem os sindicatos comprometido com normas de avaliação, os professores não concordem com elas.
A democracia dos nossos dias exige diálogo e capacidade de implementar medidas bem explicadas, promovidas por pequenos passos e onde as pessoas vejam mais valias para o futuro do País mesmo com o seu prejuízo. Se assim for, todas as pessoas de bom senso, e acho que são a grande maioria, as entenderá e apoiará. As revoluções de processos, quando feitas sem explicações suficientes e à força, mesmo quando apelidadas de reformas e bem intencionadas, não se enquadram no espírito desta democracia que vamos construindo. Este estado de espírito apenas favorece os extremismos, a convulsão social, o acicatar de ânimos perversos e até o aproveitamento político daqueles que fazem do descontentamento o seu campo de crescimento.