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26-11-2008

É sempre assim nas crises e esta não fugirá à regra


Editorial - As contradições da crise

A crise financeira em que fomos mergulhando tem alguns sinais contraditórios difíceis de entender, mas que talvez façam ganhar dinheiro àqueles que normalmente já têm os bolsos cheios. É sempre assim nas crises e esta não fugirá à regra.

Dificilmente o comum dos mortais entende por que diabo desce fortemente a taxa de referência dos empréstimos à habitação, a Euribor, mas não cai com a mesma velocidade o valor da que paga sua prestação mensal. Pelo contrário, assiste até à contradição de ver a prestação subir. Claro que o sistema bancário arranjará uma explicação para melhor demonstrar ao cliente porque subiu a taxa e quanto malévolo é o seu raciocínio.

O mesmo se passa com o preço dos combustíveis. Até há bem pouco tempo, as gasolineiras argumentavam a necessidade dos aumentos de preços com o facto do valor do petróleo estar em alta.

Assim foi de facto e todos sentimos na pele, o preço do petróleo a rondar os 140 dólares. Achámos todos que a descida deste produto implicaria uma descida dos combustíveis. Puro engano, ficámos a saber que o aumento directo de 30% nos combustíveis devido ao aumento do petróleo significa agora apenas uma descida de 10% mesmo quando os preços da mesma matéria-prima baixaram para mais de metade. Mais uma vez incompreensível, mas naturalmente que alguém irá defender tese numa qualquer universidade explicando estas contas, contrariando o normal bom senso e as nossas simples contas da quarta classe.

Obviamente não sei avaliar a razão profunda destes casos mas percebo, como todos os portugueses, que algo está mal e cheira a tramóia.

António Granjeia*
Director do Jornal da Bairrada


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