Conheci o Dr. Alípio Sol há poucos anos e apenas quando vim para o Jornal da Bairrada substituir o meu pai. Pela mão do Vítor Rosa, fui conhecendo alguns oliveirenses, entre os quais o antigo Presidente da Câmara.
Conheci-o ligado ao movimento associativo e privei com ele no âmbito da Caixa de Crédito Agrícola (CCA). Achei-o uma pessoa afável, um homem observador e reservado, mas ciente do que queria. Das poucas conversas que com ele mantive, percebi que se tratava duma personalidade com as ideias bem arrumadas, com vontade de primeiro perceber os problemas e depois ajudar a resolvê-los.
Não me lembro nem conheci de perto a sua actividade como Presidente de Câmara, mas pelo pouco que com ele privei, tive a certeza, hoje genericamente reconhecida, que colocou o mesmo empenho na resolução dos problemas das pessoas que lhe conheci na CCA, afinal a principal tarefa de um líder autárquico.
Alípio Sol geriu os destinos de Oliveira do Bairro num dos períodos mais conturbados da história recente de Portugal, de 1977 a 1989. Homem de sonhos, alicerçados no possível, acabou por batalhar e conseguir instalar no concelho a Conservatória do Registo Predial e o Tribunal. Quando saiu do seu mister na Câmara, teve a grata certeza de que as suas metas iniciais tinham sido cumpridas.
Ficaram naturalmente muitos marcos da sua actividade, mas os historiadores hão-se saber ler e interpretar o seu pensamento e reescrever e perpetuar as suas obras.
Alípio Sol foi também um homem de exemplos. Que grande ensinamento deu aos jovens do nosso tempo, sem que houvesse as facilidades das novas oportunidades socráticas, ao prosseguir os seus estudos, concluindo o secundário e uma licenciatura em Direito. Este foi talvez o seu maior legado. Mostrar que tudo vale o sacrifício e que a educação é o nosso bem mais precioso.
Bem-haja.