As eleições autárquicas começam a mexer e a provocar os primeiros feridos, ainda sem a guerra da caça aos poleiros ter começado a sério. E, neste particular, o PSD destaca-se, desenterrando candidatos moribundos em combates anteriores, como é o caso de Santana Lopes. No PS, as coisas também não se avizinham pacíficas, principalmente para os lados de Matosinhos e noutras localidades a Norte.
Ninguém no seu juízo perfeito percebe esta eventual candidatura de Santana Lopes à Câmara de Lisboa, e muito menos se entende o que se passa na liderança de Manuela Ferreira Leite, que, tudo indica, aposta neste candidato. Mesmo depois do que a actual líder vociferou acerca da forma de acção política de Santana Lopes e das críticas que este, num passado recente, lhe imprimiu.
Santana Lopes é um verdadeiro camaleão, que se aguenta na crista da onda política desde o tempo de Sá Carneiro. Enquanto autarca, seguiu a corrente maioritária na política nacional, iniciada no tempo de Guterres, com exemplos de alucinante despesismo nas autarquias de Aveiro, Gaia ou Setúbal, ou seja, gastar o que não há, endividar-se para muitos anos, fazer obras emblemáticas, mesmo de utilidade duvidosa, mas sobretudo desgraçar os munícipes das suas terras. Assim aconteceu na Figueira da Foz e depois em Lisboa. Claro que, em contrapartida, diz-se que colocou as terras no mapa mediático, mas isso qualquer um faz gastando tanto dinheiro. Enquanto governante, deixou-se ofuscar pelas luzes da ribalta, infelizmente demasiado brilhantes para as sucessões de trapalhadas, que abriram caminho para o descalabro do centro direita.
É fundamental para a democracia portuguesa que o espaço político à direita do Partido Socialista se reorganize e encontre rapidamente novas políticas menos liberais, mais empenhadas socialmente e novos figurantes. Preocupa-me a incapacidade actual deste espaço político para se regenerar eficazmente. Nos últimos anos, não apresentou novas pessoas com suficiente credibilidade e com vontade de servir a Nação, apostando sistematicamente nos "remakes".
António Granjeia*
*Editorial