Uma prenda inesperada marcou o 83º aniversário da Orquestra 12 de Abril. O Capitão Amílcar Morais doou à banda filarmónica toda a sua biblioteca musical, precisamente 1943 obras de música, bem como uma vasta colecção de livros e lembranças que recebeu ao longo de todos estes anos que se dedicou a fazer arranjos e a compôr.

Para trás fica uma história do compositor ligada à 12 de Abril. "Lançou inúmeras obras na orquestra (como por exemplo, Pop Show, Galáxia), entregou-nos o que de melhor fez na vida, depois emprestou-nos a sua sabedoria como maestro e director artístico e agora, depois de muito pensar doou-nos todo o seu espólio musical", contou comovido o presidente da 12 de Abril, Aníbal Pires. Para o director, o difícil foi pensar em "como agradecer mais este gesto". Recorde-se que Amílcar Morais é sócio benemérito da colectividade, tem a Clave de Sol da associação, já teve diversas homenagens públicas promovidas pela Orquestra 12 de Abril, que também já lhe dedicou um CD.

"Se lhe dávamos um prato, ele voltava para aqui, já que nos vai doar até as lembranças que recebeu, foi difícil mas decidimos que vamos colocar a sua foto no sítio mais alto da sede e de forma simbólica entregamos-lhe ainda a chave da associação, para que nunca tenha que pedir a ninguém para cá entrar. Esta casa é sua", referiu orgulhoso o presidente da 12 de Abril.

Reforçando a importância da doação de Amílcar Morais, o presidente da Câmara, Gil Nadais, lembrou que o capitão não ofereceu só à 12 de Abril, ofereceu ao concelho, ao país. Segundo o autarca, "é neste contexto que devemos enquadrar a oferta, lançando assim o desafio para que esta obra não se fique só pela sede, para que assim todos fiquem a conhecer o que é feito pelo grande homem que é Amilcar Morais e que se conheça no país o que é feito no concelho".

Autarquia criticada. A propósito da intervenção do presidente da autarquia, Aníbal Pires não deixou de atacar Gil Nadais em relação às regras da Câmara no que concerne aos apoios para as associações do concelho. Ao Jornal da Bairrada o presidente da 12 de Abril, confirmou que não concorda com os regulamentos, que "nem sequer foram discutidos pelas colectividades de maior peso em Águeda, que são as bandas. O tipo de regras que apresentam funcionam com associações com poucos orçamentos ou com colectividades de cariz profissional, agora para associações como a 12 de Abril não têm fundamento. Por exemplo, nós não temos forma de provar a maioria dos gastos".

Homenagem a "grande senhor da terra". Também Celestino Matos foi enaltecido em noite de aniversário. Com mais de 50 anos de vida ligado à 12 de Abril, dos quais 20 passados na direcção da orquerstra, "este grande senhor da terra" foi condecorado sócio honorário, assim como a esposa, Maria Matos.

Para além do jantar convívio, que terminou com a actuação de um grupo de fados de Coimbra, fizeram parte das comemorações dos 83 anos da colectividade, uma missa na Igreja Matriz de Travassô, acompanhada pelo coro da colectividade, a romagem ao cemitério e um mini-concerto da Orquestra.

Durante o jantar actuaram ainda um quinteto de metais, os "Confutatis Brass Quintet", todos músicos da Orquestra 12 de Abril.

Salomé Castanheira

scastanheira@jb.pt