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28-03-2008

Advogaram a necessidade do reforço do intermunicipalismo


Aveiro- Debate da região uniu Ribau Esteves (PSD) e Alberto Souto (PS)

Ribau Esteves (PSD), presidente da Câmara de Ílhavo, e Alberto Souto(PS), ex-presidente da Câmara de Aveiro, "velhos rivais" da política local, estiveram em rara sintonia sobre o futuro da região, num debate organizado pelo Jornal de Notícias (JN).

A invulgar similitude de pontos de vista surpreendeu a assistência que participou na noite de quinta-feira na iniciativa com que o Jornal de Notícias assinalou em Aveiro os seus 120 anos.

Ribau Esteves e Alberto Souto, na altura em que presidiam às estruturas distritais do PSD e do PS, mantiveram querelas públicas, que chegaram às vias judiciais, além de terem entrado em conflito várias vezes, como autarcas vizinhos, mas o debate foi "morno" e quase sempre convergente.

Algumas posições foram até assumidas à revelia do discurso habitual dos respectivos partidos, como a confissão de Ribau Esteves, que assumiu ter sido "um anti-regionalista quase primário", aquando do referendo da regionalização, e agora defende a regionalização como "fundamental para contrariar o centralismo galopante".

Alberto Souto subscreveu posições públicas que têm vindo a ser assumidas por Ribau Esteves, de crítica ao governo pelo "abandono" da Ria.

"O que se tem passado com a Ria nos sucessivos governos é irresponsabilidade ambiental e desleixo político insuportável e não estou tranquilo com o que se anuncia", disse colocando em dúvida se o Polis Ria, divulgado pelo ministro do Ambiente, será uma solução de gestão integrada.

Em comum, advogaram a necessidade do reforço do intermunicipalismo para ganhar escala e de uma visão estratégica partilhada que envolva os vários agentes da região.

Quer um, quer outro, falaram de "velhos problemas", como a ainda insuficiente cobertura do saneamento básico ou as acessibilidades, e as perspectivas de futuro que expuseram estiveram próximas.

Ribau Esteves definiu como apostas capitais potenciar a Ria e fazer um bom aproveitamento dos fundos do QREN. Alberto Souto apontou como sectores estratégicos para a região as telecomunicações, as energias renováveis e o turismo.

Na discussão sobre o futuro, a localização da estação do TGV foi considerada crucial por Alberto Souto, enquanto Ribau Esteves contrapôs que a abordagem não pode ser local ou mesmo regional em investimentos dessa envergadura e que a prioridade deve ser a ligação de Lisboa à Europa e não de Lisboa ao Porto.

Alberto Souto defendeu que "faz toda a diferença para a região se o TGV vai ter a estação em Aveiro ou em Albergaria-a-Velha, porque caso seja tomada a segunda opção, não há procura".

"Deixa de ser rentável utilizar o TGV, se for preciso gastar mais 20 minutos de viagem para ir a Albergaria-a-Velha apanhar o comboio", sustentou.

Para comentar o debate, o JN convidou Eduardo Anselmo, responsável por uma das secções do Programa Operacional do Centro, o qual concordou, afirmando que "está em causa a acessibilidade de Aveiro, não devendo a localização da futura estação ficar apenas nas mãos de quem tem uma visão técnica de minimização de custos".

Eduardo Anselmo chamou também a atenção para a importância que virão a ter no futuro sectores como a Saúde, a Cultura e a Segurança Social, sendo necessário formar as pessoas para as necessidades daqui a 10 anos".

Outro comentador convidado, Paulo Nordeste, até há pouco tempo responsável executivo da PT Inovação, defendeu que "é fundamental ter uma visão de futuro e trabalhar sobre ela, com um horizonte que ultrapasse o QREN" e pôs em causa que seja possível que os vários sectores apontados possam ter excelência na região.

"A competição não é com Lisboa ou com o Porto, mas a nível mundial nos sectores que forem escolhidos e há que eleger bandeiras, mobilizar meios e, a partir dessas escolhas, que devem incidir sobre áreas-âncora com provas dadas, congregar as pessoas, procurando atrair recursos qualificados", comentou.

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