Outro dia, fui almoçar a um restaurante como normalmente o faço quase diariamente. Ao pagar, entabulei uma simples conversa com o proprietário. Era um rapaz novo, que me impressionou pela certeza e a determinação com que falava. Disse-me: "vou-me embora deste país. Vou emigrar. Vive-se hoje em Portugal, como numa monarquia feudal, em que o senhor nos cobra impostos quando lhe apetece e nos afoga o negócio e com isso a nossa liberdade". Referia-se ao Estado que o espartilha com normas, regras, taxas e impostos. Obviamente que não conheço a situação concreta do estabelecimento, mas afianço-vos que tem qualidade, preços acessíveis e bom serviço. Diria que reúne as condições suficientes para ter sucesso mas, pelos vistos, não é assim, a ponto do dono querer "desamparar a loja" e rumar a outros negócios, noutras paragens.
Fico triste por isto acontecer em Portugal, mas não me espanta. Como que, a atestar a conversa, verifiquei que, no curto espaço de uma semana, o nosso Estado ameaça os consumidores com uma taxa de 169 euros para pagar contadores da luz, outra taxa de 0.05 euros por cada saco de plástico que levamos num supermercado.
Este servilismo a algumas empresas como a EDP e de conseguir receita a qualquer preço para os organismos estatais (caso dos sacos) nega a função reguladora do governo e transforma-o apenas numa máquina que cobra impostos,que inventa novas taxas e se afasta dos cidadãos porque deixa de ser justo com os cidadãos. Transforma o que retorna em benefícios apenas em esmolas e migalhas de que o pobre do português desconfia.