"É um pequeno vilarejo em Shenzhen, de nome Dafe onde podemos ver centenas de Mona Lisas e trabalhos impressionistas pelas janelas dos estúdios dos jovens. «A pintura a óleo é um grande negócio na China. Cerca de 60% dos trabalhos a óleo no mundo são produzidos em Shenzen», afirmou o presidente da Shenzhen GWBJ Art, Zhang Jingxuan. «Temos cerca de 5000 artistas que pintam tudo - clássico, impressionista, abstracto - todos os temas».
A habilidade dos artistas de Dafen para produzir réplicas em massa faz com que as pinturas sejam vendidas a preços muito convenientes. E, se alguém não conseguir encontrar aquela obra de museu ou paisagem que deseja, os artistas locais podem fazer uma cópia rapidamente.
Notícia Reuters/ Sol.
É esta a China que o Ocidente atura porque precisa do negócio. Do tráfico comercial que serve para manter os produtos baratos no ocidente à custa do desemprego e da deslocalização das empresas na Europa. Do negócio sujo que ignora a exploração de mão-de-obra barata, originada num capitalismo macabro e negro, como aquele que inspirou os movimentos marxistas na Europa durante revolução industrial oitocentista.
Esta é, pois, a China dos dois sistemas inventados por Deng Xiaoping. Compagina o que de mais moderno e vanguardista existe no mundo com o que mais retrógrado e obscuro ainda perdura no planeta. A mesma China, que tem força suficiente para impedir que uma Nação dita soberana e independente como Portugal receba o Dalai Lama, eventualmente a troco dumas promessas de negócios. A mesma China, que permite que notícias como a da abertura desta crónica. A mesma China, que mantém níveis de pobreza inimagináveis no continente a par de centenas de novos-ricos com tiques do mais abastado capitalismo. A mesma China, que consegue dizer aos ocidentais que é melhor não aplicar sanções na Birmânia porque o regime ditatorial aumentará a repressão sobre os locais.