Nesta época de canícula estival sabe bem gastar as noites quentes de Verão em passeios à beira-mar ou deslocando-nos às inúmeras feiras e festas que as autarquias promovem.
Na verdade, o Verão propícia um estado de espírito favorável para estes passeios, enquanto que os nossos magros subsídios de férias aguentam algumas extravagancias impossíveis durante o ano que podem incluir umas idas à serra, ao interior de Portugal comer uns pratos diferentes e passear. Provar uma vitela e outras iguarias, aproveitar para conhecer artesanato local são um bom motivo. O meu espanto não foi com a comida ou o serviço foi com o artesanato.
Dando razão à crescente desertificação do interior de Portugal e à migração interna dos emigrantes que nos demandam, o artesanato, tão típico nestas pequenas feiras de interior, transformou-se.
Estes locais têm agora uma enorme diversidade de feirantes negros que vendem uma variedade de artesanato africano e os cada vez mais comuns orientais que nos presenteiam com o sortido de baixa qualidade das lojas dos 300. Do nosso artesanato é que nada e no último sábado nem uma barraquinha para a amostra.
Sinais dos tempos?
O nosso desinteresse pelas nossas coisas oferece-nos estes sinais de aviso. Basta quer ver. Nada tenho contra os africamos e chineses que fazem pela vida e vendem os seus produtos mas não percebo o crescente desinteresse por aquilo que é nosso. Quando até o nosso artesanato é substituído por outro, quando a nossa natalidade tem um crescimento negativo que não se anula com subsídios, quando a nossa apreciação da economia é frustrante e vemos crescer as grandes fortunas exageradamente, alguma coisa vai muito mal neste país.