“Na Rota dos Ventos” é uma proposta de espectáculo influenciado pelo conceito criado na edição do CD com o mesmo nome, editado pela Orquestra Típica de Águeda em 2005. Uma orquestra com cerca de 35 instrumentistas e 20 coralistas fazem desfilar instrumentos musicais, as cantigas e o trajar das gentes de antanho, presentes na memória colectiva dos habitantes de uma região que se estende desde a serra do caramulo até à ria de Aveiro. O “Cais das Laranjeiras” (em Águeda) foi outrora local privilegiado de trocas comerciais. Era o carvão e a lenha que viajavam rio abaixo, oriundos da zona serrana, trocados no cais pelo pescado e pelo sal da ria de Aveiro que subiam o rio nos barcos varejados pelos barqueiros. E eram as galinheiras e as tremoceiras que instalavam banca fazendo feira a par das Doceiras e das Sardinheiras. Este mesmo cais que apadrinhou também namoros e confidências, serviu de palco a danças e cantigas permitindo assim as trocas culturais entre povos vizinhos. Sendo o rio a ligação entre a serra e o mar e a “Estrada Real” que cruza junto ao cais a ligação entre o norte e o sul, podemos divagar ao sabor dos ventos que seguem estas rotas e ouvir Rusgas e Viras na Nortada, o trinar das cordas dos Bandolins no balanço do Vento do Mar, a nostalgia e a devoção no Vento Levante e Romarias no Vento Suão. O espectáculo decorre como se de uma viagem se tratasse, começando na Nortada, com temas ritmados pelo troar forte dos bombos e tambores (rusgas, viras, malhão?); passando pelo Vento do Mar, com melodias que traduzem a ligação do povo à água, ao rio, à Pateira, à ria e ao mar; seguindo no Vento Levante traduzido por melodias que transmitem a calma, a nostalgia e devoção religiosa das gentes da serra; terminando no Vento Suão com as cantigas alegres das romarias acompanhadas à concertina, viola e cavaquinho. |