O presidente da Câmara de Aveiro, Élio Maia, anunciou ontem que na próxima semana vai ser demolida a antiga sede da Empresa de Pesca de Aveiro (EPA), que tem servido de refúgio a pessoas sem abrigo e a marginais. "Aveiro, durante 22 anos, teve aqui um problema urbanístico e social. Terça-feira ficou resolvida a questão social com a ajuda da Paróquia e da Caritas. Hoje recebemos autorização da Direcção Geral do Património para a demolição, que começará na segunda-feira", anunciou. Élio Maia disse no local aos jornalistas que a demolição resulta da "acção discreta" que o seu executivo tem desenvolvido no último ano, junto da Direcção Geral do Património, cuja "disponibilidade e atenção permanente" para ser encontrada uma solução elogiou. "Tínhamos aqui um problema social e uma grave situação de saúde pública, porque o espaço era aproveitado por marginais, e um problema urbanístico, pela má imagem do edifício abandonado à entrada da cidade", comentou. Segundo o presidente da Câmara, os trabalhos preparatórios para a demolição começaram hoje e na próxima semana começarão a trabalhar as máquinas, devendo o terreno ficar limpo dentro de duas semanas. Quanto ao futuro do espaço, Élio Maia considerou elevado o valor pedido pelo Estado à autarquia - 1,1 milhões de euros - para a sua compra, pelo que deverá ser colocado em hasta pública. O presidente da Câmara revelou que estão a ser observados "com cautela" outros espaços devolutos na cidade, para que a solução de hoje não venha a agravar o problema noutros locais. De acordo com o vereador Capão Filipe, responsável pela acção social, o imóvel tem sido ocupado em permanência por três famílias residentes, para as quais houve medidas de acolhimento, e dezenas de passantes. O edifício que vai ser demolido foi em tempos sede da EPA e desde há alguns anos que serve de refúgio a várias pessoas sem abrigo, designadamente imigrantes de leste, em condições degradantes. Em Janeiro apareceu ali morta uma mulher de 34 anos, toxicodependente, e em Fevereiro foi encontrado sem vida um imigrante ucraniano, de 55 anos. O imóvel pertence à Direcção-Geral do Património do Ministério das Finanças que tenciona aliená-lo, mas reclamava uma indemnização pelos prejuízos de uma eventual demolição, direito esse que não era reconhecido pela autarquia. |