Os trabalhadores da Grés Mais, de Águeda, mantêm-se na fábrica "para impedir a saída de máquinas e materiais" e começaram a "despedir-se por justa causa", disse hoje à Lusa um dos operários. "Desde 23 de Fevereiro que estamos aqui com piquetes para evitar a saída de material e das máquinas, e como temos os salários em atraso começámos a enviar as cartas para nos despedirmos com justa causa", disse à Lusa João Paulo, um dos trabalhadores que permanecem na cerâmica de Vale do Grou, Águeda. A Grés Mais, com cerca de 50 trabalhadores, regista salários e subsídios em atraso desde 2005, que a administração se propôs regularizar de uma forma faseada, que foi recusada pelos trabalhadores. "Queriam pagar agora metade de Janeiro, em Abril a outra metade e em Junho e Agosto o mês de Fevereiro. Em vez dos sete meses em atraso passavam para 14 e não podíamos aceitar", disse aquele trabalhador à Lusa. Desde que a proposta da entidade patronal foi recusada, a administração "não voltou à empresa", tendo sido requerida "diversas vezes" a presença da Inspecção-Geral do Trabalho, que "não compareceu". Face à ausência de respostas da administração, os trabalhadores decidiram rescindir a relação contratual invocando justa causa, para poderem beneficiar do subsídio de desemprego. Os trabalhadores mantêm o piquete, "com receio de que as máquinas sejam deslocadas para uma outra fábrica em Alcobaça". A Lusa tentou, sem resultado, contactar a administração da empresa com o intuito de esclarecer a sua posição. |