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04-03-2007

Conferência sobre Ambientes, Alergias, Crianças e não só


Má qualidade do ar nas casas faz aumentar doenças alérgicas nas crianças

As doenças alérgicas afectam cada vez mais crianças, o que o médico imunoalergologista Pedro Lopes da Mata atribui à mudança de hábitos e à falta de qualidade do ar que se respira dentro das casas.

Pedro Lopes da Mata, que participa segunda-feira, na Universidade de Aveiro, numa conferência sobre "Ambientes, Alergias, Crianças e não sóÓ", adverte que "os pais devem estar atentos e não facilitarem".

"Aos primeiros sintomas de constipações repetitivas devem ir ao seu médico. Mesmo entre a classe médica há que haver uma maior sensibilidade para este tipo de doenças, que não podem ser banalizadas como uma simples gripe", disse à Lusa.

Para o especialista, os infantários não são piores do que as casas particulares, quanto à qualidade do ar.

"O que se passa é que nem sempre o espaço é suficiente, o que é um factor facilitador da propagação quando há um componente infeccioso".

As doenças alérgicas são responsáveis por grande parte dos problemas de saúde das crianças hoje em dia, de que são exemplo a rinite alérgica e a asma.

Cerca de 10 a 12 por cento das crianças têm asma.

Nas crianças com menos de seis anos de idade, 8 por cento tem intolerância alimentar e entre 2 a 4 por cento tem reacções alérgicas a alimentos.

Pedro Lopes da Mata avança algumas explicações.

"Desde os anos 70 que os nossos hábitos decorrem cada vez mais em ambientes fechados: nas nossas casas, nos empregos, nos centros comerciais. A qualidade do ar interior tem de ser controlada", sentencia.

Aquele especialista conclui que "há correcções a fazer ao nível dos projectos, dos materiais, do uso dos espaços, do aquecimento e arejamento e da limpeza".

Já houve alguma evolução, ao nível dos materiais, com a redução do emprego de alcatifas no interior das habitações, mas em sua substituição são por vezes aplicadas madeiras e colas que libertam compostos orgânicos voláteis, que podem provocar as alergias.

O problema radica também nas pessoas "que não sabem usar os espaços interiores".

"As janelas fechadas são um erro porque o arejamento é essencial. Cada vez há mais vapor de água dentro das casas o que cria meios ideais para a propagação de fungos e bactérias", diz.

Problemas de construção, como casas de banho e cozinhas sem janelas, são muitas vezes agravados pelos comportamentos, como pôr roupa a secar no interior das casas e frente a um aquecedor "o que é completamente desajustado".

"Usam-se produtos de limpeza com produtos tóxicos que depois vão alterar a qualidade do ar nas casas", acrescenta, esclarecendo que "não há propriamente uma alergia ao pó, mas sim a alguns dos elementos que lá estão como o pólen, os ácaros, fungos e bactérias".

Segundo Pedro Lopes da Mata, as medidas mais comuns para reduzir os riscos são uma boa ventilação dos espaços e o seu aquecimento homogéneo, devendo as habitações serem simples e fáceis de limpar.


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