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01-03-2007

O que se passa no concelho é uma calamidade


Vagos - PS denuncia falta de vontade política para acabar com areias clandestinas

A líder da concelhia do PS de Vagos, Ana Vasconcelos, disse ontem que "o que se está a passar com a extracção de areias no concelho "é uma calamidade".

A responsável socialista diz que a apreensão de máquinas na Associação Boa Hora "é apenas uma gota de água no Oceano".

Ana Vasconcelos afirma que "não há vontade política para enfrentar o problema da exploração clandestina de areias em Vagos", que é feita num clima de impunidade e "as pessoas têm medo de falar porque existe quase uma máfia".

"Alguém está a ganhar muito com isto, que é quase uma hecatombe e o caso da Boa Hora é apenas uma gota de água no oceano", disse.

Parta Ana Vasconcelos "é tudo muito estranho e, apesar da obra social meritória, nada justifica o atentado ecológico e as contas da instituição têm de ser transparentes, mas há outras situações gravíssimas no concelho." Denuncia ainda que "a cerca de dois quilómetros a sul da Zona Industrial existe uma exploração clandestina imensa, que já tem estrada alcatroada, iluminação e até um restaurante dentro, que é de gente ligada à política local".

Ana Vasconcelos relata que na zona do Salgueiro e Vale das Maias, que durante vários anos abasteceu a cidade de Aveiro de água, "foram destruídas fontes e ninguém se importa".

A líder socialista exemplifica também com a Fonte do Vale das Murtas, junto ao Rio Boco, cuja água era semelhante à do Luso, de acordo com análises feitas, e que "tinha um caudal imenso e acabou por secar".

Outro exemplo que dá situa-se em Soza, onde "foi despejado um camião de baterias gastas no buraco" da extracção de areias, frente ao centro de saúde. Garante que os atentados ambientais têm-se sucedido, sendo até enterrados animais mortos, nas covas abertas.

Advogada de profissão, Ana Vasconcelos refere ter transmitido em tempos a situação à procuradora do Ministério Público.

"Algumas pessoas ligam à GNR a denunciar, mas quase nunca há consequências porque "antes da GNR chegar aos locais as máquinas desaparecem. Chegou a haver um processo contra um areeiro que foi arquivado por insuficiência de provas e a testemunha é que acabou por ser julgada por alegadas ameaças", lamenta.

Segundo Ana Vasconcelos, a exploração ilegal de areias em Vagos está a acontecer um pouco por todo o lado, impedindo a alimentação natural dos aquíferos.

"Exploram saibro e areia até ao limite e depois os pinheiros dos terrenos confinantes secam e as pessoas acabam por ter de os vender. Há quem não consiga dormir com o movimento constante de camiões de grande tonelagem durante a noite. É um imenso escândalo no concelho", conclui.


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