O presidente da Câmara de Vagos, Rui Cruz, esclareceu ontem ao final do dia que apenas disse compreender que a Associação Boa Hora recorresse à extracção de areias para acabar o centro social, quando parou por falta de verbas. "Fiz declarações nesse sentido quando a construção do centro social esteve parada e o empreiteiro ameaçou abandonar a obra, porque a instituição estava sem dinheiro e havia dívidas da comparticipação estatal. Uma vez concluída a obra e pagas as verbas pela Segurança Social, não vejo motivo para a actividade de extracção de areia prosseguir", disse à Lusa. Fonte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro confirmou à Lusa a apreensão de máquinas que estavam a ser usadas na extracção ilegal de areias, no terreno cedido pela Câmara à Associação Boa Hora, que aí construiu um centro social de apoio à infância e à terceira idade e que integra a Rede Natura 2000. Segundo Rui Cruz, "desde 2002 que todas as entidades têm conhecimento da extracção de areias naquele local" e "por Lei, o que se passa na Reserva Ecológica Nacional (REN) não é de competência municipal". Segundo Rui Cruz, o procedimento usado pela Associação Boa Hora para financiar a construção do seu centro social teria já um precedente, quando foi feita a Escola Prática de Agricultura de Vagos(EPAV), nas imediações, questionando o destino dado às areias resultantes das terraplanagens para a construção daquela escola pública. "Não temos nada a ver com isso. São as entidades que tutelam a REN que têm de cuidar dela e não a Câmara", disse à Lusa Rui Cruz, que reage à crítica da líder da bancada do PS na Assembleia Municipal, Ana Vasconcelos, de que "falta vontade política para enfrentar o problema da extracção ilegal de areias em Vagos". "Falta vontade política mas não é à Câmara de Vagos", respondeu o autarca, que acusa as várias entidades com jurisdição de criarem entraves a que seja disciplinada a exploração de inertes. "É uma realidade que existe no concelho há 30 anos e que não queremos que continue a ser feita sem regras, pelo que propusemos, na revisão do Plano Director Municipal, que houvesse zonas definidas para essa actividade e têm-nos colocado vários entraves, o que já não acontece no vizinho concelho de Oliveira do Bairro", disse. Rui Cruz rebate as críticas feitas à Lusa por Ana Vasconcelos, afirmando que a deputada municipal do PS "defende o ambiente de forma cega e mete tudo no mesmo saco, porque nem toda a exploração de areias que se faz em Vagos está ilegal". A exploração que Ana Vasconcelos indicou como exemplo, a sul da Zona Industrial, "é um estabelecimento industrial que foi autorizado pelo Ministério da Economia e nem sequer foi licenciado pela Câmara, tal como as unidades de lavagem do Vale das Maias foram devidamente autorizadas", rebateu. |