A Bairrada será sempre, mais do que um nome, uma paixão para o Jornal da Bairrada. A Bairrada revê-se na sua cultura, nos seus ritos e ícones, nas suas gentes e valores, mas também nos seus inigualáveis produtos que são “venerados” em todo o país e no Mundo. O clima mediterrânico/atlântico, de verões quentes e noites frescas com terras soalheiras e barrentas de declives suaves são o palco natural para as vinhas e as boas uvas da Bairrada. As terras de “Barrios”, vermelhas como o fogo para os lados de Anadia ou mais suaves e arenosas para os cantos de Cantanhede ou Ouca, sempre deixaram fazer aos seus naturais vinhos muito apreciados na zona, mas sobretudo, glorificados em todo o Portugal e também no mundo. Os vinhos da Bairrada fazem parte intrínseca da nossa região sejam os monocasta da famosa Baga ou agora produzidos a partir de outras castas. Também o espumante bairradino ganhou um espaço relevante nas celebrações dos portugueses quando exaltam as suas conquistas ou simplesmente o apreciam lentamente. Batalhas imensas se travaram para valorizar e promover este produto fantástico e consequentemente para delimitar a região como forma de o preservar e garantir a qualidade. Muitas delas, foram travadas no Jornal da Bairrada com a publicação de diversos textos de diferentes autores, mas, especialmente, do saudoso e polémico professor Américo Urbano, que se empenhou numa luta sem tréguas. Levantava o problema da Região Demarcada , na nossa edição de 03 de Abril de 1954, e desde essa data, não mais parou, até que surgia o decreto-lei de 13 de Novembro de 1979, que dava luz verde a um sonho e a um justo anseio da região da Bairrada. Não pode pois, o JB alhear-se dum ataque que parece letal à sua identidade como região. Esta é também a nossa missão, transcrita no nosso estatuto editorial e onde nos comprometemos solenemente a pugnar sempre pelos legítimos e verdadeiros interesses da Região Bairrada. Porque entendemos que está em causa o futuro da Comissão Vitivinícola da Bairrada achámos preponderante ouvir diversas personalidades do sector e da região sobre esta problemática promovendo uma espécie de fórum sobre este assunto. Nas próximas edições ouviremos diversos agentes que fazem o bom vinho da Bairrada sobre esta problemática. Esperamos pois que desta discussão aberta possam aparecer outras soluções, que não apenas e só aquela que, mais uma vez, é imposta por um gabinete ministerial centralista de Lisboa que funesta e tecnocraticamente impõe à Região. Esperemos também que possamos movimentar ou congregar vontades que apontem novos rumos, novas metas ou objectivos para este sector que começa a fazer renascer vinhos de excelência como tenho provado nas voltas da tertúlia que hoje já é o Bairrada Vitivinícola, editado pelo JB.
António Granjeia* agranjeia@jb.pt *Director do Jornal da Bairrada |