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30-01-2007

O sentido de responsabilidade dos Bombeiros


Bombeiros de Oliveira do Bairro procuram nova direcção

Depois de uma “crise desagradável e desgastante” que os Bombeiros Voluntários de Oliveira do Bairro viveram, agora, que o tempo é de paz, procuram uma nova direcção para suceder à actual, cujo presidente da direcção já acumula 15 anos de cargo.

Segundo Óscar Ribeiro, presidente da Assembleia-geral, “é tempo de transmitir a responsabilidade a outros, num acto eleitoral que decorrerá na segunda quinzena de Fevereiro próximo, e que, de certo, entre cerca de cinco mil associados, aparecerão elementos para formarem uma lista.

“O sentido de responsabilidade dos Bombeiros”

Jornal da Bairrada - Durante o seu mandato, como presidente da assembleia-geral, viveu a ambiência de um novo quartel, mas também uma grande crise. Como viveu cada uma destas partes?

Óscar Ribeiro- Na verdade, aquando da inauguração do novo quartel, o presidente da Assembleia Geral era o Engenheiro Alberto Nunes Cardoso, enquanto que eu ocupava o cargo de vice-presidente.

Tal situação não impede, porém, que afirme que o novo quartel permitiu outras condições de trabalho aos órgãos sociais, mas as profundas melhorias foram sentidas pelo nosso esforçado Corpo de Bombeiros.

A crise vivida foi efectivamente desagradável e desgastante. Mas repare que, segundo informações dadas a conhecer pela imprensa, outras Associações de Bombeiros também viveram situações complicadas, chegando algumas delas a pôr em risco a prestação do socorro.

No nosso caso, graças ao espírito de sacrifício do nosso Corpo Activo, podemos afirmar que não se registaram situações graves.

Julgo que, quando as pessoas são responsáveis, como foi o caso, não há crises nem situações de confronto de ideias ou posições claramente opostas que não se possam ultrapassar.

Foi o que aconteceu. É, felizmente, um problema do passado e penso que, da situação vivida, todos nós intuímos as possíveis consequências ficando-nos a experiência como lição.

- Depois desse período muito conturbado, a “paz” já regressou aos Bombeiros... Qual foi o papel da direcção e da assembleia sobretudo no período de crise?

- Como disse anteriormente, os órgãos sociais são pessoas responsáveis para as quais o interesse primordial reside na actividade da Associação. Mormente do seu Corpo Activo. Havia a exigência social de resolver a situação, pois, só assim, seria possível continuar a prestar o socorro às populações do nosso concelho, bem como dos concelhos vizinhos, caso necessário.

Devo realçar o sentido de responsabilidade dos Bombeiros que, apesar das dificuldades então vividas, nunca fugiram às suas responsabilidades.

Assim não havia outra alternativa que não a do diálogo. Foi o que aconteceu.

Posições extremadas

- A nomeação de um novo comandante em que aspecto concorreu para este apaziguamento?

- Chama-lhe apaziguamento. Não havia propriamente zanga. Havia confronto de ideias e de posições embora, por vezes, extremadas.

E aí o papel do António Ferreira Gomes, então Adjunto do Comando exercendo interinamente as funções de Comandante, agora nomeado Comandante, foi, em minha opinião, importante por dois motivos:

Deu segurança aos órgãos sociais, porque evitou o vazio do Comando, para que fossem tomadas as medidas necessárias e, junto do Corpo de Bombeiros, exerceu a sua influência que lhe advém do respeito e consideração de que é alvo por parte dos Bombeiros.

“Não são pessoas apegadas ao poder”

- O natural cansaço e o desgaste da actual direcção levaram a que a actual direcção não se recandidate. Acha que tem razões fortes para assim proceder?

- Tanto quanto tenho podido verificar a actual direcção não se sente cansada nem desgastada. Antes pelo contrário. Continua a trabalhar tendo em vista os superiores interesses da Associação. Mas é natural e lógico que queiram transmitir a responsabilidade a outros.

Não são pessoas apegadas ao "poder" e há situações, como é o caso do engenheiro Rui Barqueiro - presidente da direcção - que dá o " corpo ao manifesto " há, já, cerca de 15 anos.

Eu próprio também participo nos órgãos sociais há cerca de 18 anos.

Por outro lado, numa sociedade moderna, todos os cidadãos têm que assumir a sua quota-parte de responsabilidades sociais.

Daí que também eu entenda que outras pessoas se devam disponibilizar para os órgãos sociais dos nossos, de todos, Bombeiros.

- Já se perfilam candidatos?

- Que tenha conhecimento, ainda não.

O acto eleitoral decorrerá na segunda quinzena de Fevereiro próximo e estou convicto de que, entre os cerca de cinco mil associados, aparecerão elementos para formarem uma lista. Até porque é um direito dos mesmos serem eleitos para os órgãos sociais. Acredito também que saberão assumir as suas responsabilidades sociais e que não irão "assobiar para o ar" como se este assunto não lhes dissesse respeito.

- Qual o perfil para os cargos máximos?

- Todos os associados que estejam dispostos a servir uma causa que exige alguns sacrifícios pessoais e familiares; que tenham disponibilidade, em termos de tempo e espírito de sacrifício em prol do bem comum.

Pela experiência vivida posso afirmar que a mesma tem sido extremamente gratificante e compensadora, em termos humanos, e a vivência com homens e mulheres extraordinários que são os Bombeiros tem sido bastante enriquecedora. Refiro que o sacrifício porventura feito pelos órgãos sociais em nada é comparável ao dos Bombeiros.

- Acha que o concelho tem muita gente disponível para servir a comunidade nos bombeiros?

Entendo não me competir a mim fazer essa análise social. Mas estou convicto de que sim. É pena que nem todos os habitantes do concelho sejam associados. Se assim fosse haveria muito mais pessoas disponíveis, de que os cerca de cinco mil associados, para servir a comunidade nos Bombeiros.

Dois apelos

Na hora da mudança tenho dois apelos a fazer: Aos associados que dediquem algo de si em benefício de todos, através da sua participação nos órgãos sociais dos Bombeiros, e aos habitantes do Concelho e população em geral que acarinhem e respeitem os Bombeiros, homens e mulheres altruístas.

Nós precisamos deles e eles estão prontos e querem servir-nos. Apoiem-nos.

Para terminar, gostaria de citar uma mensagem de Natal, enviada por uma empresa do nosso Concelho aos Bombeiros e cuja autora é a professora Ana Maria Barqueiro e que define bem o que é ser Bombeiro:

"Sonhar, com vontade de fazer nascer nos outros a confiança, a alegria de viver em plenitude cada momento, é uma bênção dada aos homens e mulheres de boa vontade que têm a missão de servir sem se servirem a si próprios ".


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