Os movimentos a favor do "Sim" no referendo de 11 de Fevereiro sobre a despenalização do aborto vão reunir-se dia 14 em Aveiro, numa acção conjunta de esclarecimento, foi hoje anunciado no Porto. "A decisão de realizarmos esta iniciativa em Aveiro não surgiu por acaso, pois foi nesta cidade que se realizou o último julgamento de mulheres por terem interrompido a gravidez", justificou Jorge Miguel Pacheco, do movimento "Jovens pelo Sim". Jorge Pacheco, que falava aos jornalistas no decorrer de uma acção de recolha de assinaturas para a constituição do movimento "Jovens pelo Sim", explicou que o encontro em Aveiro servirá também para articular a actuação entre todas as estruturas a favor do "Sim" no referendo. O "Jovens pelo Sim", que segundo Jorge Pacheco recolheu já, a nível nacional, mais do que as cinco mil assinaturas necessárias à sua formalização, pretende também iniciar na primeira quinzena deste mês campanhas de sensibilização dirigidas aos jovens, nomeadamente em bares das principais cidades portuguesas e também em bairros sociais. "O nosso objectivo é ajudar ao esclarecimento da população, em particular dos jovens, contribuindo assim para o combate à abstenção", explicou. O movimento "Jovens pelo Sim" conta com mandatários de "diversificados segmentos da sociedade portuguesa", entre eles artistas, desportistas, estudante s, investigadores, activistas de várias organizações e membros de juventudes par tidárias. Segundo Jorge Miguel Pacheco, aderiram a este movimento, entre outros, as actrizes Inês Castel-Branco, Joana Solnado e Diana Chaves, a apresentadora de televisão Rita Ferro Rodrigues, os músicos Jorge Palma, José Pedro, dos "Xutos e Pontapés", e Viviane, dos "Entre Aspas". Conta também com elementos da Juventude Socialista, Juventude Social-De mocrata e jovens do Bloco de Esquerda e de outras organizações, como a "Acção pa ra a Justiça e Paz", "Não te Prives" e a Rede de Jovens para a Igualdade de Opor tunidades entre Mulheres e Homens. A lei do referendo determina que podem fazer campanha partidos, coligaç ões partidárias, directamente ou através de grupos de cidadãos, e os movimentos de cidadãos criados para o efeito. Os grupos de cidadãos que queiram participar na campanha do referendo sobre o aborto têm de recolher pelo menos 5.000 assinaturas e inscrever-se na Comissão Nacional de Eleições (CNE) até um mês antes da data da consulta. Segundo as regras para constituir um movimento, consultáveis no "site" da CNE (www.cne.pt), é também necessária a escolha de 25 mandatários. O Tribunal Constitucional (TC) deu luz verde, a 15 de Novembro, à pergunta para o referendo, aprovada pela Assembleia da República a 19 de Outubro, ten do o Presidente da República, Cavaco Silva, anunciado, a 29 de Novembro, a convocação da consulta popular para 11 de Fevereiro. "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento d e saúde legalmente autorizado?" é a pergunta do referendo, exactamente igual à de 1998. |