Um doente atendido nas urgências do Hospital do Arcebispo João Crisóstomo (HAJC) de Cantanhede custa ao Estado menos 100 euros do que se for atendido em Coimbra, segundo um estudo feito pela Câmara Municipal de Cantanhede, que tem por objectivo contrariar o possível encerramento das urgências do hospital de Cantanhede. Condições excelentes Segundo João Moura, presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, “um utente que seja atendido no Serviço de Urgência do HAJC custa 42,25 euros, um valor muito inferior ao verificado nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), onde o mesmo atendimento custa ao Estado, 143,5 euros”. João Moura reconhece, no entanto, que a média de atendimentos nas urgências do HAJC é de 110 doentes por dia, um número ligeiramente mais abaixo do que os 150 estipulados pela Comissão de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências. No entanto, no serviço de urgência do Hospital de Cantanhede, foram efectuadas 110 urgências diárias em 2005 e 108 em 2006, sendo certo que em determinadas alturas do ano, nomeadamente no período de Verão, as urgências atendidas no serviço de urgência do Hospital de Cantanhede, ultrapassam as 150. Requalificação “O novo serviço de urgência do Hospital de Cantanhede foi inaugurado em 24 de Agosto último, depois das obras de requalificação efectuadas recentemente e de ter sido devidamente equipado. Desde essa data, tem vindo a atender diariamente um número de urgências que ultrapassa a média diária de 110 registadas nos dois anos anteriores”. “Como é do conhecimento geral, a urgência do Hospital de Cantanhede, antes do processo de requalificação, funcionava em condições deficientes, facto que conduzia a que muitas situações de urgência fossem canalizadas para outros serviços de urgência”, refere, no estudo, João Moura “Acontece que, agora, depois das grandes obras de beneficiação do Hospital de Cantanhede e da requalificação profunda da urgência, este serviço dispõe de excelentes condições para servir a população, facto que, em apenas dois meses, começou a ter reflexos no aumento do número de urgências atendidas”, lê-se no documento. Acrescenta ainda que o Hospital de Cantanhede cumpre, indiscutivelmente, os requisitos para o funcionamento de um Serviço de Urgência Básico, dispondo agora de uma urgência devidamente equipada e tem uma equipa médica preparada para prestar serviços de qualidade num tempo de espera, que não excede os 30 minutos. Aliás, “este dado é tanto mais significativo quanto se sabe que o tempo de espera nos HUC, excluindo as situações mais graves, poderá ser superior a 4 horas”. Factos Inaugurado em 24 de Agosto de 2006, o novo serviço de urgência do HAJC, em Cantanhede, possui: sala de admissão de doentes; sala de triagem; salas de consulta; sala de tratamento: sala de reanimação; sala de observações; urgência interna; meios auxiliares de acção médica indicados para o serviço de urgência, e todos os enfermeiros possuem curso de suporte avançado de vida. Ao nível dos equipamentos instalados é de sublinhar que o serviço de urgência está devidamente equipado com RX, laboratório de análises e electrocardiografia; a sala de reanimação está equipada com desfibrilhador, ventilador e carro de emergência; o equipamento de RX é novo, de última geração (tecnologia digital) e representou um investimento de 150 mil euros. Mais crescimento demográfico Outra das exigências da comissão técnica é que os serviços de urgência deverão servir uma população mínima de 40 mil utentes, sendo que os últimos censos, referentes a 2001, revelam que o concelho de Cantanhede tinha 38 mil habitantes. Aqui, João Moura argumenta que, actualmente, o número de doentes inscritos no centro de saúde é de 44.052. O presidente relembra que “Cantanhede foi um dos sete concelhos do distrito de Coimbra (17 no total) que evidenciou crescimento demográfico no Censos de 2001 e em termos de dinamismo económico, está colocado em 3.º lugar, logo a seguir a Coimbra e Figueira da Foz”. Ainda no contexto do distrito de Coimbra e quanto à capacidade de influenciar o exterior, o concelho de Cantanhede situa-se igualmente em 3º lugar, também logo a seguir a Coimbra e Figueira da Foz. O edil justifica no estudo que o aumento apreciável da população do Concelho de Cantanhede registado nos últimos anos, com a fixação de novos residentes, decorre do facto de o concelho dispor hoje de importantes factores de atractividade, nomeadamente com a dinamização do tecido produtivo, a crescente instalação de empresas nas quatro zonas industriais existentes no Concelho e o desenvolvimento do Biocant Park que é o primeiro Parque de Ciência e Tecnologia do país especializado em biotecnologia. A sua missão está centrada na atracção de investimentos em actividades de I&D estruturantes e estratégicas que favoreçam iniciativas empresariais de conhecimento intensivo em biotecnologia. O Biocant Park conta com um centro de I&D que funciona desde Setembro de 2005 com mais de duas dezenas de investigadores doutorados que trabalham diariamente em projectos avançados, em colaboração com empresas e universidades nacionais e internacionais. O presidente da Câmara de Cantanhede salienta ainda que dos 60 trabalhadores que desde há um ano estão no Parque Tecnológico, cerca de 1/3 passou a residir em Cantanhede e quatro das empresas instaladas, fixaram a sua sede social no concelho. No conjunto, estes números reflectem uma surpreendente capacidade do Biocant em atrair, desde o início do projecto, recursos humanos qualificados e empresas de alto valor acrescentado. Prevê-se que, nos próximos quatro anos, este centro de inovação tecnológica acolha 25 empresas de base tecnológica e 250 investigadores altamente qualificados. Pedro Fontes da Costa |