O deputado do PSD Salvador Malheiro afirmou não fazer sentido reavivar a polémica em torno da mata de Ovar, anunciando o voto contra do seu partido em relação a iniciativas parlamentares sobre o tema. Intervindo no plenário da Assembleia da República, o antigo presidente da autarquia vareira classificou como “caso excelente de gestão florestal” a intervenção que vem sendo seguida naquele “pulmão” ovarense. “Esta polémica teve outros episódios no passado e a Secretaria de Estado das Florestas anterior, e bem, decidiu instaurar um inquérito, tendo concluído que tudo estava a decorrer dentro da normalidade, não existindo qualquer corte massivo [de pinhal]” – vincou Salvador Malheiro no debate em plenário de iniciativas em torno do perímetro florestal das dunas de Ovar. O deputado aveirense afirmou-se, na ocasião, “perplexo” com as iniciativas, dizendo presumir “que, pelo menos, tenham ido visitar o local” estando, agora “a propor recomendações ou a recomendar tarefas que já foram feitas ou que estão a ser feitas e, sobretudo, a reavivar uma polémica que já não faz qualquer sentido”. “Estamos a falar de uma área sujeita a Reserva Ecológica Nacional, à Rede Natura, ao Plano de Ordenamento da Orla Costeira, a servidões militares e ao Regime Florestal. Por isso, desengane-se quem pense que poderemos ter especulação imobiliária” – atirou o parlamentar social democrata, assegurando que estamos perante “caso de excelente gestão florestal nos três pilares da sustentabilidade, ambiental, social e económico”. Salvador Malheiro recordou que estamos perante uma floresta com 2.500 hectares que já não arde há 80 anos, sequestrando cerca de 50 mil toneladas de CO2 por ano, o que deu como não sendo “coisa pouca”, já que o município produz emissões globais de 200 mi toneladas por ano. O deputado enfatizou que o plano de gestão florestal esteve em discussão pública, para vincar que, nessa altura, não viu “nenhum dos intervenientes de hoje, sejam eles peticionários, sejam eles intervenientes nos projetos de resolução, a dar qualquer contributo”. Deixou, depois uma pergunta: “alguém pensa que existe alguma instituição que saiba mais de floresta e que esteja tão preocupado com a sua conservação do que o ICNF”? E deu a resposta: “creio que não”. “Ao longos dos mais de 100 anos, sempre houve cortes análogos, que permitiram descontinuidades horizontais e verticais, resultando em verdadeiros mosaicos florestais, que dificultam a propagação das chamas. É uma boa prática em termos ambientais e de combate aos incêndios” – sublinhou Salvador Malheiro, concluindo que, quanto ao corte de pinhal adulto, “estamos a falar de uma área potencial de corte de apenas um por cento ao ano”.
|