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10-05-2024

Aveiro: "Turismo é força de crescimento e não deve ser diabolizado" - Pedro Machado (Secretário de Estado do Turismo)..



O Secretário de Estado do Turismo alerta para os impactos negativos de discursos xenófobos e para a diabolização do turismo.

Pedro Machado deixou a mensagem na Conferência Internacional INVTUR 2024 em Aveiro.

A Universidade de Aveiro foi palco do 1.º Fórum da Plataforma Nacional de Turismo, uma associação recentemente criada e que junta as principais organizações, empresas, instituições do ensino superior e centros de investigação que operam na área do turismo, com o propósito de contribuir para a inovação e o desenvolvimento económico e social do país.

No discurso feito em Aveiro, o antigo presidente da Turismo do Centro alertou para a importância da academia funcionar como berço de tolerância (com áudio)

O 1.º Fórum da Plataforma Nacional de Turismo acontece no âmbito da Conferência Internacional INVTUR 2024, um evento organizado pela Universidade de Aveiro desde 2010 e que se tornou numa das maiores conferências científicas na área do turismo a nível mundial.Este ano, a Conferência tem como tema “Turismo em tempos imprevistos: em busca de novas direções”.

Pedro Machado falou da importância de qualificar a oferta e afirmou que o país não está em sobrelotação turística (com áudio)

Carlos Costa, professor da Universidade de Aveiro, João Albino Silva, professor da Universidade do Algarve (respetivamente presidente da direção e presidente da assembleia geral da PNT) e Raul Almeida, presidente da Turismo Centro de Portugal, entidade associada da PNT, falaram sobre os desafios de futuro.

Carlos Costa começou por explicar a razão de ser desta associação.

“A PNT nasceu com um conjunto de pessoas que considerou fundamental o setor do Turismo ser acompanhado de forma mais próxima pelas estruturas que geram conhecimento. Nas Universidades, começámos a desenvolver esta ideia”, adiantou.

A PNT está nesta altura a avançar em duas frentes. A primeira é a criação de think tanks temáticos de discussão, que juntam investigadores com representantes da área do turismo.

Outra frente é criar notoriedade para o setor.

“O Turismo vale muito neste país, cerca de 25 mil milhões de euros por ano, mas parece que os políticos têm medo do turismo. Na última campanha eleitoral, não se falou de turismo. A plataforma vai tentar encontrar alguns caminhos para que o turismo tenha mais visibilidade e mais discussão”, assegurou Carlos Costa.

Raul Almeida comparou o impacto do turismo com os efeitos do Programa de Recuperação e Resiliência.

“Falou-se aqui que o turismo gera 25 mil milhões de euros por ano. Costumo dizer que representa mais do que um PRR por ano, uma vez que o PRR somou cerca de 20 mil milhões. É uma atividade com um peso cada vez maior no PIB nacional e nas exportações. Até onde pode ir este crescimento? Qual é a nossa capacidade de resposta a esse crescimento? A Plataforma Nacional de Turismo pode dar um grande contributo para que nós, decisores públicos e políticos, mas também os privados, tenham ferramentas importantes que ajudem à reflexão e à tomada de decisões”, destacou.

Outra nota deixada por Raul Almeida foram os desafios específicos da atividade turística na região Centro de Portugal.

“Nesta região, enfrentamos os desafios globais comuns a todos, como as guerras ou a inflação, mas também desafios específicos, como são a sazonalidade, a coesão territorial ou a excessiva litoralização da atividade turística. Temos 100 municípios no Centro de Portugal e a maior parte deles são de interior. No Turismo, podemos e devemos dar um grande contributo para aumentar a coesão territorial e a coesão social, contribuindo para que os territórios de baixa densidade recebam mais turistas e tenham outra perspetiva de crescimento”, concluiu Raul Almeida.

Ao longo do dia, decorreram vários painéis e apresentações no Fórum. Um dos painéis, com o tema "Que agenda para o futuro do turismo em Portugal?", foi moderado por Carlos Costa e teve como protagonistas Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e Jorge Sampaio, da comissão executiva da Turismo Centro de Portugal.

Jorge Sampaio salienta a urgência de se pensar o Turismo a longo prazo.

“Falta uma estratégia global para o turismo para o nosso país. Acho incrível que, para um setor que vale quase 20% do PIB, Portugal não consiga ter uma estratégia que dure 15 ou 20 anos. A estratégia não pode mudar ao sabor dos ciclos políticos, tem de ser pensada a longo prazo. Em áreas estratégicas para o país, como esta, deveriam ser feitos pactos de regime".

"A estratégia global para o país tem de assentar num destino global. Todo o país tem de ser um destino turístico, porque só assim conseguimos gerar e distribuir riqueza em todo o país. Os nossos grandes trunfos residem na diversidade e na autenticidade turística que temos, mas precisamos de nos organizar, para distribuir esta riqueza. Cada vez mais, o Turismo deve fazer as pazes com os cidadãos", disse ainda Jorge Sampaio.

 


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