O presidente da Águas de Portugal, Serra Lopes, disse ontem que a SimRia, empresa participada que explora o saneamento da Ria de Aveiro, tem de superar as dificuldades que atravessa recolhendo também águas residuais industriais. Serra Lopes falava em Cacia na cerimónia que assinalou a certificação da SimRia pela APCER nas vertentes da qualidade, ambiente e segurança, sendo das primeiras empresas certificadas do grupo e a primeira empresa portuguesa de saneamento a ver certificados todos os seus processos. A SimRia é uma empresa de capitais maioritariamente públicos, com um capital superior a 13 milhões de euros, detido em 67,7 por cento pela Águas de Portugal e o restante pulverizado pelos municípios ribeirinhos da Ria de Aveiro. à empresa foi atribuída a construção e exploração do sistema multimunicipal de saneamento da Ria de Aveiro, fazendo a recolha em alta dos efluentes domésticos dos municípios aderentes, que após tratamento lança no mar através do exutor submarino de S. Jacinto. O seu âmbito foi alargado à despoluição da Barrinha de Esmoriz/Cortegaça e conta entre os seus clientes industriais a Portucel, através da sua fábrica de Cacia. Segundo Serra Lopes, a empresa terá agora de apostar nos potenciais clientes da indústria para rentabilizar o sistema. "Vamos ter de superar dificuldades que a empresa atravessa e há que dar passos importantes para recolher também as águas residuais das indústrias da região, para conquistar novos utilizadores, aderentes e sócios", disse. Originariamente vocacionado para recolher e tratar os efluentes domésticos, o sistema da SimRia tem registado dificuldades na cobrança das "tarifas" aos municípios, que não têm atingido os caudais de efluente projectados, por falta de ligações da rede em baixa. Estes têm reclamado, em sucessivas ocasiões, apoios para realizarem as obras necessárias da rede de saneamento nos respectivos territórios concelhios, numa região que ainda há poucos anos tinha uma reduzida taxa de cobertura de saneamento básico. Deparam, por outro lado, após avultados investimentos feitos nos últimos anos nas redes de saneamento, com a dificuldade em convencer os consumidores finais a fazerem a ligação dos ramais, sobretudo nas zonas sub-urbanas e rurais, o que levou alguns a abrir a possibilidade do pagamento da ligação em prestações. Apesar das dificuldades reconhecidas, o presidente do conselho de administração da SimRia, Sérgio Lopes, considerou que é hoje um "caso de sucesso" porque "a qualidade ambiental da Ria de Aveiro melhorou". Segundo Sérgio Lopes, o processo de certificação da SimRia ajudou a alicerçar uma cultura de empresa permitiu adoptar boas práticas ambientais na sua gestão, além de maior segurança para os seus trabalhadores. "A empresa está hoje [com a certificação] obrigada a melhorar o seu desempenho, mas não é uma ilha e depende dos seus parceiros de negócio, utilizadores e accionistas, pelo que é preciso que todos se empenhem", concluiu. |