A possibilidade de encerramento de urgências hospitalares em cinco concelhos do distrito de Aveiro - Anadia, Estarreja, Ovar, Espinho e S. João da Madeira - é contestada pelos autarcas da região. A importância do complexo químico de Estarreja, cuja capacidade de produção vai ser duplicada, é o argumento usado em uníssono pelos órgãos autárquicos e mesmo pelo PS local, para contestar o eventual encerramento da urgência hospitalar previsto pelo Ministério da Saúde. O presidente da Câmara de Estarreja, José Eduardo Matos (PSD/CDS), aproveitou a presença do primeiro-ministro, na assinatura de um contrato entre os "gigantes" do sector químico, para defender que o aumento da produção em Estarreja reforça a justificação para ser mantido o serviço de urgência. O argumento une as estruturas locais dos vários partidos, como o comprova a unanimidade com que foi aprovada uma moção na Assembleia Municipal, alertando para os "riscos acrescidos" do desaparecimento da urgência de Estarreja devido à existência do complexo químico. Na moção, os autarcas lembram que os profissionais do Hospital Visconde Salreu (HVS) são "os únicos que estão preparados" para acorrer a um acidente químico grave, por terem formação específica". Em Ovar, o presidente da Câmara, Manuel de Oliveira (PS), enviou uma carta à Administração Regional de Saúde do Centro, considerando tratar-se de uma medida sem critérios de racionalidade e pedindo uma audiência urgente a Correia de Campos. "Não faz sentido que por um lado se esteja a apetrechar o nosso hospital com um moderno serviço de Radiologia, por exemplo, e por outro, se esteja a planear retirar um dos seus serviços mais procurados", sublinha. O novo serviço de Radiologia do Hospital Francisco Zagalo foi apoiado pelo Programa Saúde XXI, e a administração central investiu 1,2 milhões de euros na sua modernização. O Serviço de Urgência do Hospital de Ovar regista uma média de 165 consultas por dia. Além de servir os 55 mil habitantes do concelho de Ovar e populações de concelhos vizinhos, atende também a população sazonal que faz férias em Esmoriz, Cortegaça e Furadouro, durante o Verão. Por seu turno o presidente da Câmara de S. João da Madeira, Castro Almeida (PSD) pretende ser recebido pelo ministro da Saúde e vai promover uma visita de deputados para mostrar a realidade local. Castro Almeida não encontra sentido numa eventual decisão de "encerrar um serviço que acabou de receber obras", a não ser que seja "para poupar dinheiro". O autarca considera que "o relatório assenta num pressuposto totalmente errado" e afirma que os utentes "não querem saber a distância a que estão das urgências mas quanto tempo vão demorar a chegar às mãos do médico." A verificar-se o encerramento da urgência também nos concelhos vizinhos de Espinho, Ovar e Estarreja, alerta, "será o entupimento" na urgência do Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira. |