A Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro está a comemorar os 20 anos do seu edifício sede, apesar da instituição já ter mais de 86 anos de existência. A Mesa Administrativa permanece empenhada em continuar a prestar um serviço de qualidade aos seus utentes, contudo, segundo o seu provedor, José Carlos Soares, o edifício já não responde, hoje, convenientemente, às solicitações que lhe são impostas, quer por exiguidade de espaço, quer por falta de operacionalidade”. “Agora é tempo de fazer obras”, refere este responsável. “Fazer edifícios não é a nossa primeira intenção” - Quais as iniciativas que estão integradas nas comemorações dos 20 anos do Edifício Sede? - A comemoração de um aniversário, a partir do momento que se adquire mais maturidade, deve ser sempre uma ocasião para reflectir sobre o que se celebra. Há sempre aspectos positivos e actualizações a fazer. Comemorar 20 anos de entrada em funcionamento do Edifício Sede serve para recordar, com muito orgulho todos os que passaram por esta casa e que fizeram tudo o que estava ao seu alcance para a engrandecer e a fazer a Santa Casa que é hoje. São voluntários, corpos sociais, funcionários e todos os colaboradores que ajudaram nesta tarefa. É uma Instituição de referência no concelho e fora dele, que tem uma história rica de mais de 86 anos de existência, e sempre a mesma vontade de Servir. As iniciativas, que decorreram no dia 1 de Setembro, foram, no essencial, a bênção de uma nova carrinha, adaptada para utentes portadores de deficiência que são transportados em cadeira de rodas. Realizámos uma sessão solene, onde contámos com o Padre Georgino Rocha, representante do Bispo de Aveiro; director da Segurança Social de Aveiro; Presidente da Câmara e da Assembleia de Oliveira do Bairro; representantes autárquicos do concelho; representantes das IPSS´s concelhias, órgãos sociais da Santa Casa, irmãos e amigos ligados à Instituição, particularmente empenhados no peditório e cortejo de oferendas. A bênção desta viatura é para nós muito importante. É o resultado do esforço e do querer, de muitos amigos e irmãos da Santa Casa, que em conjunto com a Segurança Social, ajudaram a tornar possível a aquisição desta. Reporto-me, naturalmente, ao peditório e cortejo realizado no dia 8 de Dezembro do passado ano, e que tinha por finalidade a aquisição duma viatura deste tipo. Mas, estes 20 anos servem também para chamar a atenção para muitas coisas que têm de ser melhoradas. Este edifício, hoje, já não responde convenientemente às solicitações que lhe são impostas, quer por exiguidade de espaço, quer por falta de operacionalidade. São as nossas grandes apostas, no curto prazo, onde podemos destacar a reformulação completa e aumento da cozinha; a reformulação e melhoria da zona antiga do Lar; criação de uma zona única de balneários para os colaboradores da Instituição; aumento significativo da segurança, que passa pela vedação da Instituição; Iluminação exterior e sistema de vídeo-vigilância, e a conclusão de Pavilhão Multiusos. Realçamos que fazer edifícios, não é a nossa primeira intenção, mas elas tornam-se imprescindíveis para a persecução dos nossos objectivos e anseios. - Quais as mudanças mais significativas que regista ao longo dos anos a que preside à SCMOB? - São essencialmente a nível organizacional, de mentalidade e postura dos colaboradores da Santa Casa. A nível de organização tentámos melhorar e reforçar as interligações dos diversos sectores da Instituição, dotando-os de alguma autonomia e muito mais responsabilidade. O exemplo começou pela Mesa Administrativa, onde cada Mesário tem a seu cargo um ou mais sectores; é ele que trata com o responsável do sector os assuntos correntes, e é o porta-voz dos problemas importantes do mesmo para a Mesa. Pretende-se que esta cadeia de responsabilidade se alongue de cima a baixo da Organização, para que todos intervenham, no sentido de a melhorar continuamente. Não se pense que é fácil esta mudança, pois estamos a falar de uma Instituição de raiz conservadora, com uma mentalidade e postura estável, ao longo dos anos. Os usos e costumes nos procedimentos têm aqui um peso muito grande, mesmo quando já não são úteis ou benéficos para a Instituição. Mas como em outros sectores da actividade económica e social, também a Santa Casa tem de se adaptar às grandes mudanças na nossa sociedade. “Não gastarmos mais do que podemos” - Tem sido fácil equilibrar financeiramente a Instituição? - Essa é uma questão que vale a pena falar mais nela, porque temos que entendê-la sempre como nunca equilibrada para responder a todas as respostas que temos de dar. A questão está no facto de não gastarmos mais do que podemos. O que podemos gastar, tem muito a ver com o que conseguirmos da ajuda dos irmãos e amigos da Santa Casa. Por isso, esperamos a colaboração necessária para a realização das obras, imprescindíveis ao bom funcionamento da Instituição. O envolvimento dos Irmãos, instituições públicas e privadas, empresas, é necessário para continuar a ajudar os que mais precisam. A nossa certeza é que tudo o que conseguirmos, será empregue da forma que melhor cumpra os objectivos da Instituição. - Quais são as maiores carências da SCMOB? - As maiores carências, são a nível de infra-estruturas, sendo as principais aquelas que já referi. Queremos dar aos nossos utentes um serviço de Qualidade. Para isso, são necessárias melhores condições do espaço que habitam ou frequentam, assim como melhor serviço em termos de recursos humanos. Outra carência, algumas vezes sentida, tem a ver com a falta de afecto que as pessoas que servem, trabalham ou utilizam esta Instituição tem da população de Oliveira do Bairro. Gostávamos de ver mais pessoas a praticar voluntariado; um pouco de tempo que tenham a mais, partilhem-no com estas pessoas? um dia são vocês que podem precisar? Unidade de Cuidados Continuados - A Unidade de Cuidados Continuados que chegou a ser falada vai ser realidade? - A Mesa Administrativa já encetou alguns contactos com o anterior Executivo Municipal e com a Administração Regional de Saúde de Aveiro, no sentido de perspectivar o que fazer ao Hospital da Misericórdia, quando forem executadas as novas instalações para o Centro de Saúde de Oliveira do Bairro. Entretanto, o processo ficou parado, pois a construção do novo Centro de Saúde não avançou, como estava perspectivado. Da parte da Santa Casa preocupa-nos o destino a dar ao imóvel depois da saída do Centro de Saúde, e essencialmente os cuidados continuados a dar aos doentes do concelho e idosos, em fase terminal. Penso ser uma preocupação que deve ser partilhada por todos os residentes do nosso concelho, e para o qual devemos definir prioridades. Outra preocupação será o facto de estarem em fase de preparação e candidatura as Unidades de Cuidados Continuados, e se ficarmos para trás poderá tornar-se inviável no futuro esta pretensão, pois essa Rede fica estruturada. Vamos continuar a dialogar com as partes interessadas para que, com tempo e na altura certa, possamos decidir para o Hospital da Misericórdia o que for melhor para o concelho e seus habitantes. - O Parque automóvel como está? - O parque automóvel da Santa Casa, como podem constatar, não envergonha quem o utiliza ou serve. Após o primeiro ano e meio a recuperá-lo e sensibilizar os colaboradores que o utilizam, com uma eficaz gestão, controlo e contínua formação aos condutores, é um sector que não nos dá muitas dores de cabeça. Hoje em dia, ninguém conduz um carro da Santa Casa sem antes passar por formação ao nível de adaptação ao veículo e definição das normas a cumprir, nomeadamente controlo de quilometragem e percursos. Após esta etapa, o responsável do sector dá o seu “OK” ao funcionário para condução de determinado tipo de viatura. A quantidade de viaturas existentes na Instituição (dez) e percursos na ordem de 140.000 Km / ano, é natural que a remodelação tenha que ser constante, para termos carros fiáveis, confortáveis e sem grandes consumos de manutenção. - E a empresa de Inserção Social? - A empresa de Inserção Social “Sóbrilho” que existe na Santa Casa da Misericórdia e se dedica a limpeza de casas, escritórios ou outros espaços comerciais, visa a reinserção das pessoas que a integram no mercado de trabalho. Não é fácil o seu funcionamento, e tem sido um êxito, essencialmente pela compreensão e ajuda dos nossos clientes, assim como a entrega e determinação dos profissionais que nela trabalham ou dão colaboração. Isso mesmo é dito pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional que acompanha, de perto, esta nossa empresa, e atesta o seu êxito. - Hoje em dia é fácil desempenhar a “figura” de Provedor? - A Mesa Administrativa, de que o Provedor faz parte, não veio para esta Casa para fazer “figura”, mas antes veio numa atitude de servir a causa da Misericórdia. Tal como já disse anteriormente, esta Mesa Administrativa trabalha organizadamente, onde cada um tem a sua função. Muitos dos procedimentos para resolução dos problemas estão implementados, pelo que o papel do Provedor está muito facilitado. Já várias pessoas que me abordaram para resolver os mais variados problemas, verificaram que a minha resposta é sempre a mesma: são os diversos sectores da Santa Casa, com a responsabilidade, os procedimentos, os critérios e autonomia que detém, que devem estudar as questões, sendo depois, em última instância, a Mesa Administrativa a decidir, por parecer técnico destes. Pretende-se desta maneira, que a resolução seja justa, e independente da situação que se está a julgar ou a pessoa a escolher. - Vai recandidatar-se? - Para cargos com estas características, está em causa o meu serviço como voluntário. Naturalmente que é um assunto que me preocupa, mas como não tenho o assunto devidamente tratado com as pessoas que comigo fazem parte da Mesa Administrativa, não estou em condições de lhe dar uma resposta. Quero dizer-lhe que é um assunto que se resolve dentro da maior tranquilidade.
Pedro Fontes da Costa pedro@jb.pt |