No momento em que algumas caves e produtores individuais já iniciaram a vindima na região da Bairrada, a Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), em comunicado enviado à comunicação social, traça um panorama comportamental da vindima na região. Maturação das uvas é imprescindível De acordo com este organismo, “mais importante do que as previsões é o acompanhamento do estado de maturação das uvas pelo viticultor, porque só deste modo se poderá estabelecer a data apropriada a cada caso (por castas, por talhão e - muito importante - por tipo de vinho a fazer).” Assim, considera a CVB que o controle de maturação das uvas é imprescindível para que a matéria-prima colhida seja da melhor qualidade, reconhecendo mesmo que, neste momento, na região “a maior parte dos produtores de vinho (adegas, caves e produtores individuais) estão ainda em fase de controlos de maturação das uvas e não têm ainda calendários completamente definidos para as vindimas de cada uma das castas, ou do tipo de vinhos que vão fazer (espumante, vinho branco, vinho tinto ou vinho rosado).” No entanto, e porque alguns já principiaram a vindima, nomeadamente de uvas para espumante (Chardonnay) ou mesmo para vinhos tintos (de castas tintas mais precoces como, por exemplo o Merlot e Pinot-Noir), a CVB considera que, nesta altura, “ainda existem diversos condicionalismos a ter em conta”, apontando como tendência de previsão que as datas de colheitas de uvas para espumante (brancas ou tintas, p.e.x, de Baga) começarão entre o final de Agosto e a segunda semana de Setembro. Quanto às uvas brancas para vinho branco, a Comissão avança que as vindimas começarão a ser vindimadas a partir do final de Agosto, defendendo ainda que “as uvas tintas para vinho tinto começarão a ser vindimadas no final de Setembro (com excepção das mais precoces) ”. No entanto a Comissão alerta que estas datas supõem que “o estado do tempo se mantenha, de agora em diante, relativamente seco, após este período de chuvas da 2º semana de Agosto, que, nesta altura, apenas teve efeito positivo na vindima ao ter acelerado as maturações.” Decréscimo de produção global da ordem dos 15% Na sua avaliação, a CVB também reconhece que, em relação ao volume das colheitas e atendendo à nascença menor deste ano (número de cachos nas videiras), nomeadamente daquela que é a casta mais expressiva da nossa região - a Baga - e também dos ataques de míldio e do escaldão, pode estimar-se um decréscimo de produção global, da ordem dos 15%. Relativamente à qualidade da colheita, a Comissão Vitivinícola da Bairrada defende que “as expectativas, para já, são as melhores”, acrescentando que “esperam-se vinhos tintos de qualidade francamente boa - sobretudo nos casos em que o viticultor não deixou uma carga muito grande nas cepas, quando da altura da poda - porque, este ano, parece haver menos acidez total nas uvas.” Quanto aos brancos, acrescenta que “se pretendem frescos (portanto, com boa acidez), este decréscimo de acidez poderá ser crítico (há quem já tenha vindimado a casta Maria-Gomes), caso não se pratique uma vindima atempada para cada caso.” Em relação aos espumantes - e tendo em conta algumas uvas já vindimadas - “fazem prever uma excelente qualidade deste produto” tão especial da Bairrada.
Catarina Cerca |