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23-08-2006

Dignificar o presbitério


Palhaça - Igreja ganha dignidade

O Bispo de Aveiro, D. António Marcelino, inaugurou, ou melhor benzeu o novo baptistério da Igreja Matriz da Palhaça, um dos luzidos melhoramentos que dão nas vistas a quem agora entra no templo e que faz parte de um restauro mais alargado cujos custos ascendem aos cem mil euros.

Dignificar o presbitério

Igreja construída em 1964, ficando a constituir a obra maior de padre Manuel Oliveira, esta é a primeira grande intervenção de conservação e beneficiação, que de resto, se fazia sentir. Havia infiltrações de água pelo telhado; as instalações eléctricas não se encontravam nas melhores condições, nem sequer havia sido convenientemente acabada - havia pouca luz enquanto a pintura interior já estava envelhecida.

Mas o que levou o pároco e o Conselho Económico da Fábrica da Igreja a meterem ombros a esta tão necessária, quão dispendiosa obra de restauro foi, sem dúvida, “a necessidade de adaptar o espaço litúrgico ao espírito de igreja comunhão”, criar proximidade entre o celebrante e a assembleia, dar dignidade ao espaço de altar, iluminando-o e enquadrar e dignificar o espaço do sacrário, que estava logo por debaixo da imagem de Cristo e agora se encontra na capela do lado esquerdo, com a dignidade que todos reconhecem, bem como integrar no espaço celebrativo o baptistério.

No dizer do pároco, padre José Augusto Nunes “a igreja era bastante impessoal e esteticamente pobre”. Muitas vezes, ao entrar no guarda-vento mais lhe parecia “um armazém de coisas” e não um local de culto por excelência.

Aproximação aos fiéis

Das três fases, estão concluídas as duas primeiras. A parte dos trabalhos de construção civil tem a responsabilidade da Engª. Mónica Carvalho, enquanto o estudo de arquitectura tem a assinatura do arquitecto, José Victória.

A ideia da intervenção foi aflorada na celebração dos 40 anos da igreja, no dia 15 de Agosto de 2004.

As obras incluíram, numa primeira fase, a renovação das telhas que cobriam o templo, isolamento na laje do tecto a poliestireno e assentamento de telha hidrofugada e revestimento de paredes e tectos; renovação da instalação eléctrica e sinalização de emergência.

Na segunda, estavam incluídas as obras que mais dão nas vistas: a aproximação de altar-mor aos fiéis e ligação deste aos espaços laterais, onde antes se encontravam as imagens e hoje se encontram o sacrário, lado esquerdo, o baptistério, lado direito, através de elementos decorativos,, como o márnore no piso e painéis de cobre forrando as paredes frontais dos altares laterais.

O altar-mor ganhou luminosidade e beleza que lhe são dadas simultaneamente pelos vidros amarelos dos vitrais, pela colocação da luz indirecta, pela cor do pano frontal no tom amarelo e pelas paredes forradas a madeira.

Tudo isto veio concorrer para maior dignidade e contraste da imagem de Cristo, que agora sobressai solene e menos fria. Perfilam-se de um e de outro lado duas imagens de madeira, uma de S. Pedro e a outra de Nossa Senhora de Fátima, que assim encontram um lugar de relevo no espaço de celebração.

A queda de água e o baptistério

O espaço de baptistério, do lado direito, é outra grande novidade, pela dignidade e soluções encontradas. A pia baptismal que, seguindo o padre, José Augusto, nunca terá sido usada, e se encontrava ao guarda-vento, lado esquerdo, foi mudada para ali, tal qual um notável quadro de um pintor espanhol que está a ser muito bem cotado, Molina Sanchez, evocando o baptismo de Cristo e que veio parar à igreja da Palhaça, graças aos bons ofícios do Dr. Mário Bacalhau. Pela inédita e inhabitual configuração, é possível que a pia também dele tenha o esboço?

O quadro, bonito e significativo, fica na parede frontal e por debaixo canta uma queda de água - a água é um alimento litúrgico, lembra o pároco - a funcionar em circuito fechado e tombando sobre um monte de pedra pintalgada de pequenas plantas.

Esta é a grande novidade de que fascina grandes e pequenos e que concorre para um toque de beleza e de magia.

Apoios

As obras, depois de concluídas (falta o revestimento e pintura de paredes e tectos, no corpo da igreja; aplicação de contraplacado marítimo no lambrim da nave; renovação da instalação eléctrica; arranjo do espaço do sacrário e eventual nova instalação sonora e climatização), custarão 100 mil euros.

Esta verba é suportada essencialmente pelos dinheiros agendados pelo Conselho Económico da Fábrica da Igreja Paroquial, peditório junto da população (cerca de 25 mil euros, recebidos até hoje) e apoios de particulares e empresas.

A Câmara apoiou com 17.500 euros, mas o padre, José Augusto fez comparações e... esperava mais. Quanto à Junta, questionou: “o que é que a junta pode arranjar para uma obra desta envergadura”.

Bonito e de muita ternura foi o facto das crianças do ATL do Centro Social de S. Pedro terem pintado 65 telhas com a frontaria e torre da igreja que foram vendidas a 10 euros cada uma. Deu uma ajuda na tarefa de pintura o pároco, padre José Júlio Nunes.


Armor Pires Mota


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