É um problema que já se arrasta há muitos anos. A saída e entrada de camiões de barro, a poente da Candieira - Caminho dos Barreiros, na zona do Valinho e Vale D’erva - para a estrada 334, tem preocupado a vizinhança, que se queixa do pó e da lama, provocados pela passagem dos camiões. Na tentativa de resolver o descontentamento da população, de comum acordo entre a Junta de Freguesia de Avelãs de Cima e os «barreiristas», foi colocado um sinal de sentido proibido à entrada e meio do referido caminho. Pó e lama Segundo Nelson Rodrigues, da empresa Rodrigues & Rodrigues, a queixa, para o ministério do ambiente, partiu de Carlos Martins, presidente da direcção do Centro Social Verde Pinho, uma luta que dura há anos, e que entristece quem faz do barro o seu ganha-pão. Por seu turno, a Junta de Freguesia de Avelãs de Cima encontra-se numa situação difícil. Por um lado, é benéfico para a freguesia, porque entra dinheiro, por outro, tem que dar a melhor qualidade de vida à população. Isso mesmo expressou Armando Pereira: “Esta freguesia tem vivido, para além do seu esforço e trabalho, dos muitos milhares de euros que tem entrado das jazidas dos Barreiros. A população queixa-se do pó e da lama, e com razão, mas no nosso entender não é possível fazer a exploração do barro sem causar alguns problemas”. Para o presidente da Junta de Freguesia de Avelãs de Cima, há que saber entender a população, daí em colaboração com os «Barreiristas», resolveu vedar o caminho, mas, se o problema fica aqui resolvido, irá aparecer noutro lado, na zona de Cerca, embora reconheça que o pó não irá lá chegar. Os «barreiristas», quiçá os camiões, deixam de utilizar o caminho dos Barreiros e passam a utilizar o caminho do Alto e os caminhos florestais, cujas viaturas terão que fazer mais 12 quilómetros, seis para cada lado. Tudo isto traz prejuízos aos «Barreiristas», todos o reconhecem, para quem abastece sete cerâmicas nas freguesias de Avelãs de Cima e Avelãs de Caminho. Os prejuízos serão avultados Rodrigues & Rodrigues e Simões, Sá e Pereira são as duas empresas que tiram o barro da zona da Candieira. Para Nelson Rodrigues, os prejuízos serão avultados, apontando para o triplo das despesas. “Não temos, a partir de agora, um caminho de acesso para entregar o barro nas três fábricas de Boialvo. Nós é que o teremos de arranjar, eventualmente falar com os proprietários para alargar o caminho”, acrescentando que “com o aumento dos combustíveis e a crise no poder de vendas, as fábricas vão ser obrigadas a mandar pessoal para o fundo de desemprego”. Outra das reclamações dos «barreiristas» e não só, prende-se com o facto de que há pessoas que vendem os seus terrenos para a exploração do barro e, volvido algum tempo, vão queixar-se à Junta de Freguesia de Avelãs de Cima para não deixar sair o barro, o que ninguém compreende. Uma das ideias que fica é que ninguém quer trazer problemas com quer que seja, daí que, há três meses, com a anuência da Junta de Freguesia, que não tinha possibilidades de pagar, as duas empresas, atrás citadas, escreveram uma carta ao presidente da Câmara Municipal de Anadia, Litério Marques, no sentido de alcatroar 800 metros do caminho. As empresas davam o material e mão-de-obra, e a autarquia apenas cedia as máquinas, mas até ao momento não receberam qualquer tipo de resposta. Depois de colocadas as placas de sentido proibido a pesados, Armando Pereira rematou que, para a Junta de Freguesia, “os barreiristas têm sido benéficos, na medida em que têm oferecido muitos materiais, terras e areias, para obras da freguesia”, mas o autarca não se esquece de proteger a sua população, como também não se esquece dos milhares de euros que entram na freguesia à custa do barro. Por isso, disse, várias vezes sem conta, que se encontra numa situação difícil. Manuel Zappa |