Uma "invasão" de javalis que atacam de madrugada campos de milho no concelho de Vagos, Viseu, já afectou uma centena de lavradores que hoje exigiram indemnizações. Numa deslocação aos campos destruídos, Albino Silva, dirigente da Associação da lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA), garantiu já ter alertado para o problema as Direcções-Gerais da Agricultura da Beira Litoral e das Florestas. "Sendo o javali uma espécie protegida, há que proteger também os agricultores, que devem ser indemnizados", disse Albino Silva, que calcula já haver uma centena de lavradores afectados. No entanto, disse, "até agora ninguém se dirigiu aos lavradores afectados para avaliar os prejuízos". Durante a visita hoje aos campos destruídos, a direcção da ALDA lamentou que nenhum representante do Ministério da Agricultura se tenha ainda deslocado a Vagos para avaliar os prejuízos provocados pelos javalis. Américo Pinheiro, de 62 anos, viu uma terra de milho que possui na Lomba, Santo António de Vagos, ser "devorada" pelos javalis. "Começaram a aparecer vai para três semanas e estão a dar cabo da produção toda, com o milho já criado", relatou. O agricultor adiantou que os javalis atacam à noite as culturas, mas que já houve quem visse na zona "uma porca com os leitões ao pôr-do-sol". O agricultor acrescentou que, embora a presença dos javalis não seja um fenómeno novo, pois "começaram a aparecer há uns oito anos", a situação "está agora muito pior", o que se pode explicar pela reprodução da espécie nas matas da região. Américo Pinheiro comprou sementes "do estrangeiro", a 30 euros cada saco, que lançou à terra em Março. Por esta altura, com o milho "já criado", contava fazer ali 1.200 quilos, mas os javalis deram-lhe cabo da produção. "Assim desanimamos de trabalhar. Estão-nos a subsidiar a cultura para estes animais a comerem?", questiona. Entre os agricultores, criticam-se os caçadores que "fazem as batidas ao javali em Janeiro, quando devia ser na altura em que eles começam a fazer estragos". Uma voz discordante, defendendo que as batidas devem ser feitas na altura própria, para não afectar a criação, levam Américo Pinheiro a exprimir o seu inconformismo: "Então que lhes façam uma vedação e lhes vão dar de comer". "Assim é que não pode continuar e a malta ainda um dia perde a cabeça, pega nas caçadeiras e acaba com eles de uma vez", remata. |