Os vereadores do CDS/PP, Leontina Novo, Manuel Silvestre e Acácio Albuquerque, demarcaram-se do presidente da Comissão Política Concelhia do CDS/PP, João Carlos Silvano, na penúltima quinta-feira durante a reunião de câmara.
Na origem da situação está a publicação de um comunicado de imprensa e de outras posições políticas, assumidas por João Carlos Silvano, que já afirmou ao Jornal da Bairrada não pretender fazer qualquer declaração sobre o assunto. “Os vereadores não tiveram intervenção” Os vereadores, eleitos pelos CDS/PP, explicaram, em reunião de câmara, nada terem a ver com um comunicado de imprensa, da responsabilidade da Comissão Politica do Partido, que os elegeu como vereadores, publicado na edição da semana passada do Jornal da Bairrada, que “criticava” o executivo da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro. Leontina Novo, que encabeçou a lista do CDS nas últimas eleições autárquicas, sublinhou que “os vereadores não tiveram qualquer intervenção nesta notícia”. “A notícia deve ser mais pessoal, do que como representante da Comissão Política do CDS/PP”, sublinhou a vereadora. Enquanto que Manuel Silvestre justificou que é difícil ser vereador da oposição ao executivo, garantindo ao presidente da câmara que “os vereadores da oposição não tiveram qualquer participação no documento”. “Não vale a pena alimentar uma guerrilha”, reforçou Manuel Silvestre. Aliás, os vereadores do CDS/PP já demonstraram, várias vezes, que, na generalidade, não comungam de muitas posições, assumidas pela sua concelhia, e têm vindo a demarcarem-se constantemente. “Exercer pressão” Uma fonte do CDS/PP disse ao Jornal da Bairrada que “muitos dos elementos eleitos pelo CDS/PP não comungam das posições assumidas pelo presidente da Comissão Política que pretende obrigar os vereadores (oposição) e os presidentes das Juntas de Freguesia (CDS/PP) a tomarem posições políticas que não vão de encontro às promessas que estes fizeram em tempo de campanha eleitoral”. “Os eleitos que estão ao serviço da população não podem de forma alguma prejudicar o concelho, no entanto, é isso que a Comissão Política pretende”, referiu ainda a fonte. Esta fonte acusa João Carlos Silvano de exercer pressão junto dos vereadores no sentido destes votarem não em consciência, mas, de acordo com as posições recomendadas pelo partido. Recorde-se que a Comissão Política, em recente comunicado de imprensa, acusa, entre outras coisas, a câmara de ser morosa a despachar os processos da secção de obras. “A política da não verdade” Já Mário João Oliveira, durante a reunião de câmara, afirmou que não podia deixar passar em claro o documento publicado pelo Jornal da Bairrada, uma vez que o executivo - também formado por três vereadores do CDS/PP, embora sem pelouros - é criticado de forma contundente. “Os vereadores podem-se demarcar da notícia, mas está assinada pelo presidente da Comissão Política Concelhia do partido que os elegeu”. O autarca explicou que tem a obrigação de repor a verdade “num documento onde são afirmadas falsidades e mentiras”, sublinhando que “não é o João Carlos Silvano que decide e muito menos foi eleito para tal”, referindo-se às críticas tecidas por este relativamente ao espaço encontrado para a construção da futura escola primária. Em relação à morosidade dos processos, o autarca salientou que “temos mais processos tratados este ano do que em igual período do ano passado”. Entretanto, António Mota, vereador das obras, refere que “o CDS/PP quando faz as notas de imprensa deve clarificar e especificar, senão vamos ter que começar a dizer uma série de verdades”. “Não admito isto ao presidente da Comissão Política. Se há situações que sejam ditas, este senhor tem que justificar estas idiotices”, refere ainda que “há a falta de alguma dignidade. O texto não parece que seja do Carlos Silvano, pois tem algumas nuances”. “Há quatro pessoas que gerem esta câmara, e é bom que as pessoas se mentalizem disto. Basta de dar tantos tiros nos pés”, reforçou António Mota, ameaçando que, se tornar a ver o seu nome envolvido nestas situações, “as pessoas vão ter que justificar, a bem ou a mal”. Já Laura Pires, vereadora da educação, repudiou a situação e “lamentou a má política. A política da não verdade”, sublinhando “a falta de uma boa política no concelho”. Por seu turno, João Carlos Silvano, presidente da concelhia do CDS/PP, recusou efectuar ao JB qualquer comentário relacionado com a eventual ruptura dos vereadores do CDS/PP com a concelhia.
Pedro Fontes da Costa pedro@jb.pt |