O presidente do conselho de administração da empresa Crioestaminal anunciou ontem, em Cantanhede, o lançamento em breve de um teste inovador, não-invasivo, de determinação do sexo dos bebés a partir das oito semanas de gravidez. "A Genelab [entidade criada pela Crioestaminal na área do diagnóstico molecular] irá lançar muito em breve um serviço inovador no mercado português e europeu, o qual irá permitir efectuar a determinação do sexo dos bebés a partir das oito semanas de gravidez, reduzindo-se assim drasticamente o tempo necessário para se saber o sexo fetal", revelou Raul Santos. O responsável intervinha na cerimónia de inauguração do novo laboratório de criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical da empresa de biotecnologia Crioestaminal. De acordo com Raul Santos, o novo método de determinação do sexo dos fetos surge no âmbito de um projecto de investigação na área do diagnóstico pré-natal não invasivo, desenvolvido em parceria com a Clínica Universitária de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. "Este teste é efectuado recorrendo a uma pequena amostra de sangue da grávida e a técnicas de biologia molecular que permitem detectar material genético do bebé que circula no sangue materno a partir das primeiras semanas de gestação", adiantou na sessão. Segundo o presidente do conselho de administração da Crioestaminal, "a determinação precoce do sexo fetal pode ter interesse clínico, nomeadamente, nas doenças ligadas ao sexo". Para além do diagnóstico pré-natal não invasivo, a Genelab irá também dedicar-se ao diagnóstico de doenças infecciosas, genéticas e oncológicas. Referindo-se ao novo laboratório da Crioestaminal, empresa situada no Biocant Park, em Cantanhede, Raul Santos frisou tratar-se de um equipamento "de topo a nível mundial", que estará em condições de acolher células estaminais de outros países, como vai acontecer em breve com a Espanha. Na sessão foram também oradores o director científico do Biocant Park, Carlos Faro, o presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular (SPCE-TC), Rui Reis, e o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, Fernando Regateiro. Em declarações à agência Lusa à margem da sessão, o presidente da SPCE-TC defendeu as vantagens da congelação de células estaminais do sangue do cordão umbilical, considerando "ser expectável e possível" a sua utilização terapêutica futura. "Acreditamos ou não que os cientistas possam ser capazes de desenvolver um conjunto de terapias em que ter as células guardadas possa ser útil? Com o que é expectável hoje e com o que é possível daqui a 20 anos, penso que sim", afirmou Rui Reis. As células estaminais presentes no cordão umbilical do recém- nascido são células indiferenciadas, que têm a capacidade de se transformar em vários tipos de tecidos, o que faz com que possam ser utilizadas em transplantes para curar doenças em que os tecidos foram danificados, como é caso de algumas leucemias e linfomas - é referido numa nota da empresa. No novo laboratório da Crioestaminal, um investimento de um milhão de euros, podem ser guardadas 60 mil amostras de células estaminais. |