Carlos Estima, empresário aguedense, administrador do Grupo Levira, o novo proprietário do Cine Teatro São Pedro de Águeda que acumulou prejuízos, nos cinco últimos anos, de 77 mil euros euros, confirmou a JB que vai continuar a disponibilizar a sala de espectáculos, dinamizando-a, em prol da cultura do concelho de Águeda. Desta forma, ficam dissipadas as vozes que diziam que o empresário teria outros interesses imobiliários. Novos eventos O empresário afirmou, sem reticências, que “é intenção manter o cinema e as actividades culturais, além de implementar, depois do Verão, - sem especificar - novos eventos”. “A minha ideia é manter a sala de espectáculos e disponibilizá-la ao serviço da cultura, com mais eventos virados para o concelho”, sublinhou Carlos Estima. O empresário adquiriu, há duas semanas 68% das acções do Cine Teatro São Pedro, avaliado em 1,4 milhões de euros, após Gil Nadais, presidente da Câmara Municipal de Águeda, ter anunciado, em reunião de câmara, que a autarquia estava disponível para adquirir o imóvel, oferecendo aos accionistas 10 euros por acção, num total de 42.500. No entanto, Carlos Estima, tal como o JB noticiou, mostrou-se disponível, não para vender as acções à autarquia, mas para comprar as dos restantes accionistas. Em acto contínuo, o empresário adquiriu as acções, pertencentes a um núcleo duro formado por seis empresários, pagando 11,5 euros por cada. Ou seja, superou, desta forma, em 1,5 euros o valor oferecido pela Câmara Municipal de Águeda. Prejuízos acumulados Entretanto, Gil Nadais afirmou a JB que “a câmara vai agora inteirar-se dos projectos que Carlos Estima tem para esta sala de espectáculos”, mostrando-se ainda "disponível para continuar a manter relações com este empresário para dinamizar aquele espaço cultural de Águeda”. O autarca desvaloriza o facto de ter perdido a corrida na compra do imóvel, no entanto, afirma que “a câmara continua interessada em adquirir o Cine Teatro pelo preço que o empresário pagou”. “Não nos podemos esquecer que aquele imóvel foi criado por um grupo de pessoas anónimas de Águeda com o objectivo de servir o concelho e, nessa perspectiva, a câmara não podia deixar de lutar pelo espaço”, referiu o autarca. Caixa A construção do Cine Teatro iniciou-se em 1970, quando um grupo de aguedenses se dispôs a dotar Águeda de uma sala de cinema e teatro, entre outros espectáculos. A conclusão da obra, em 1980, foi uma verdadeira epopeia. O cinema foi inaugurado pelo então secretário de Estado da Cultura, Vasco Pulido Valente. Os principais detentores das acções, agora transaccionadas, eram: Manuel Coutinho, Olávio Sereno, Horácio Marçal, Gabriel Almeida, Joaquim Valente de Almeida, Diamantino Neves, Carlos Branco e Joana Ferreira que resolveram em Assembleia-geral, realizada na semana passada, efectuar a transacção. Na sua concepção original o Cine Teatro previa condições para a realização de espectáculos de teatro, com um espaço para cenários equiparado aos das melhores salas do país, o mesmo acontecendo com a sala de cinema. A sala dispõe de 375 lugares na plateia e outros tantos no balcão que fazem do cinema de Águeda uma das maiores salas do país. Pedro Fontes da Costa pedro@jb.pt |