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05-04-2006

Bolonha: os novos rumos do ensino universitário


Vila Nova de Monsarros - Anadia

PROCESSO DE BOLONHA

Bolonha: os novos rumos do ensino universitário

Muito se tem falado ultimamente, nos meios académicos, acerca do que implicará ou não o novo Decreto-Lei dos graus académicos, mas a verdade é que a grande maioria das pessoas, especialmente os directamente implicados, estão amnésicos em relação ao assunto e não parecem efectuar esforços de maior para modificar a sua ignorância informativa.

Nos dias que correm as perspectivas laborais dos jovens universitários não são tão demarcadas pela segurança como há 40 anos, mas é mesmo esse o aspecto que o novo Decreto-Lei visa transformar, isto é, tornar o ensino superior uma alternativa de oportunidades únicas para aventura, para a descoberta do mundo do conhecimento e não manter simplesmente os mesmos programas, os mesmos conteúdos consecutivamente repetidos ao longo dos anos.

A arma mais concreta do novo ensino universitário é apelar ao trabalho individual e extracurricular dos jovens, um esforço que funcione em benefício próprio e enriqueça não só o campo intelectual dos jovens como a sua auto-suficiência, visa o reforço da sua confiança num trabalho pessoal de valor superior, qualitativamente semelhante aos melhores. Mas a nova reforma do ensino universitário pretende, simultaneamente, favorecer e facilitar a mobilidade dos alunos entre instituições a nível nacional e dos países da União Europeia, uma mobilidade que vigora, principalmente, na alteração homogénea do sistema de créditos das cadeiras.

A implementação de Bolonha no panorama das instituições universitárias portuguesas contempla a divisão curricular em três ciclos: licenciatura, mestrado e doutoramento, evocando como principal motivo para a alteração a maior distribuição dos conhecimentos, deixando estes de estarem concentrados no primeiro ciclo universitário (licenciatura) para passarem a distribuir-se gradualmente nos três ciclos.

Todo o ensino universitário ficará a ganhar com o novo Decreto-Lei, que corresponde a uma já muito necessitada reestruturação curricular, valorizando não os saberes que vêm nos manuais e nos artigos, mas sim concedendo maior importância ás capacidades laborais fora do ambiente universitário da gula livresca. O primeiro ciclo fica, assim, mais embutido do espírito crítico, analítico e de conhecimentos avançados do ciclo dos doutoramentos e da elaboração de teses de investigação.

Em jeito de conclusão, o Decreto-Lei de Bolonha vem criar caminhos alternativos ao futuro dos estudantes universitários portugueses e dar uma nova dinâmica - à escala da União Europeia - às instituições universitárias do país. Há muito que a estrutura inflexível do ensino superior nacional esperava, imperativamente, por uma lufada de ar fresco como a que o Decreto-Lei de Bolonha poderá representar para o país.

Mário Matos

Vila Nova de Monsarros

Mário Matos


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