O Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) criticou hoje o plano do Ministério da Educação de encerrar escolas do 1.º ciclo com poucos alunos, considerando-o "o mais grave ataque feito ao povo português". Segundo Ana Rajão, do SPRC, "esta é a mais grave ofensiva aos portugueses, pois é mau hipotecar o futuro de muitas crianças". Na região Centro serão 526 as escolas a encerrar no fim do ano lectivo, com os distritos da Guarda e Viseu a serem os mais afectados, com 132 e 214 estabelecimentos a extinguir, respectivamente. Estes dados foram hoje revelados em Leiria pelo SPRC, que aponta para o encerramento de escolas do Ensino Básico com menos de dez alunos em todos os outros distritos da região, nomeadamente 32 em Aveiro, 37 em Castelo Branco, 61 em Coimbra e 50 em Leiria. Estes encerramentos obrigarão à deslocação diária de perto de 3.000 alunos para as chamadas escolas de acolhimento, com Viseu a ser o distrito mais afectado neste capítulo, com um número de 1.145 alunos a deslocar. Segue-se a Guarda, com 652, Coimbra (477), Leiria (344), Castelo Branco (199) e Aveiro (161), segundo os dados revelados hoje pelo SPRC. Em Leiria foi apresentado também um estudo prospectivo quanto ao encerramento até ao final da actual legislatura de escolas do ensino básico no distrito com 20 alunos ou menos. Este estudo - que não abrange os concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche e Bombarral, fora da área de acção do SPRC - aponta para a possibilidade de manutenção de apenas uma escola no concelho de Pedrógão Grande, de duas em Castanheira de Pêra, três em Figueiró dos Vinhos e quatro em Alvaiázere. Estes quatro concelhos do Norte interior do distrito de Leiria têm sido afectados, ao longo dos últimos anos, pelos efeitos da desertificação. Na conferência de imprensa de hoje, foi também criticada a falta de qualidade de algumas escolas de acolhimento, que em alguns casos têm menos condições que os estabelecimentos de ensino a encerrar. Também a necessidade de se efectuarem maiores percursos para transportar os alunos às aulas, com crianças a terem de sair de casa mais cedo que actualmente, regressando mais tarde, foi criticada pelo SPRC. Para a dirigente sindical Helena Arcanjo, "há muitas dúvidas sobre se o que a ministra da Educação apresenta como uma mais-valia, compensa o sacrifício pedido aos alunos e às famílias". |