Pois é, De vez em quando, senão sempre, nos últimos tempos, o jardim da avenida Abílio Pereira Pinto, que deveria constituir um pequeno ex-libris da cidade de Oliveira do Bairro, assumiu o lamentável estatuto de um cagatório canino, desculpem, lá o cheirete Especialmente ao fundo, mesmo em frente da biblioteca municipal, zona muito frequentada por crianças, jovens e outras idades. Antes, era um cheiro a urina que tresandava, ultimamente eram (são) outros cheiros, provenientes de sólidas e artísticas defecações. Bué de merda - dizia-me o meu neto de seis anos, a quem tive de chamar a atenção para a conversa malcheirosa, mas tenho que concordar com o raio do catraio, que já é atento como o avô materno às questões de âmbito ambiental. Um dos sítios predilectos dos animais é a relva que fica atrás do busto de António de Cértima que, além de outros esquecimentos e ofensas, ainda tem que ver-se adornado de tal pestilência, que também chega às narinas da senhora do quiosque. Não é justo, mas tudo isto é feio, tudo isto é porco numa cidade recente. Outro é o próprio emblema da câmara, além da fonte luminosa. Quem assim procede parece que não tem outro local para passear os cães, alguns bem possantes, senão este jardim que se torna assim pouco jardim e se transforma noutra coisa muito menos prosaica. Os cães não têm culpa nenhuma, a não ser os rafeiros, os sem coleira, os sem casa e ninho. Os que têm utilizado mais aquele espaço são os snobs, com coleira e cadeado, que, por sinal, não saem de casa sozinhos. Por isso, os grandes responsáveis são as pessoas que os levam a aliviar do stress caseiro e do intestino. A não ser que sejam os cães a levá-los de tão habituados que estão, ao fim da tarde... É preciso ter pouco amor à cidade, à relva, ao emblema da câmara, ao ambiente, à biblioteca, às criançada e à juventude. O que vale é que os serviços da câmara andaram, na última sexta-feira, a fazer a limpeza. Aquilo já era demais. Um grande porcaria. Até porque, no dia seguinte, ia haver a inauguração de uma exposição na biblioteca com largas dezenas de convidados e o que se via não haveria de ser tema para nenhuma paleta. Agora, o que não é garantido é que, ao sair Jornal da Bairrada, não tenham voltado os cães, os senhores e as senhoras, e o jardim não tenha virado sala de luxo canino. Para nojo e revolta de quantos se prezam por ter e ser de uma cidade limpa, a cheirar a rosas, a começar pelos autarcas naturalmente. |