Os incêndios florestais em 2005, mais de um ter ço dos quais provocados "intencionalmente", devastaram em Portugal 325.226 hectares, segundo um relatório apresentado hoje em Lisboa pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais. Os incêndios florestais propriamente ditos (área superior a um hectare) foram 8.086 e os fogachos (área inferior a um hectare) 27.677, totalizando 35.7 63 ocorrências, sendo a média anual entre 2000 e 2004 de 27.142. "Os incêndios de mais de 100 hectares são sempre a componente mais significativa da área ardida total, tendo representado 85,1 por cento da área ardida de 2005 e 93,1 por cento da área ardida de 2003, correspondendo a um número de ocorrências relativamente reduzido (inferior a 1 por cento do total)", refere o "Relatório de 2005 dos Incêndios Florestais". Os povoamentos florestais destruídos pelas chamas chegaram no ano trans acto a 208.113 hectares e os matos a 117.113 hectares, somando os 325.226 hectar es, sendo a média anual entre 2000 e 2004 de 190.289 hectares. O distrito mais atingido pelos fogos em 2005 foi Coimbra, com 47.642 he ctares queimados. Por distritos, arderam 22.012 hectares em Aveiro, 1.606 em Beja, 12.354 em Braga, 12.335 em Bragança, 20.124 em Castelo Branco, 47.642 em Coimbra, 1.37 3 em Évora, 1.666 em Faro, 24.592 na Guarda, 25.675 em Leiria, 2.076 em Lisboa, 1.811 em Portalegre, 22.297 no Porto, 28.749 em Santarém, 1.008 em Setúbal, 27.0 68 em Viana do Castelo, 35.002 em Vila Real e 37.837 em Viseu. "Comparando a evolução das áreas ardidas, reconhece-se que, em relação com outros países, nomeadamente Espanha, que depois de 1994 conseguiu reduzir a área ardida anualmente, Portugal não tem conseguido acompanhar essa tendência", realçou o director-geral dos Recursos Florestais, Francisco Castro Rego, ao apresentar o documento. Em 2005 arderam em Espanha 161.154 hectares, em França 22.400, em Itáli a 38.880 e na Grécia 8.393. A seca prolongada que atingiu o território continental português em 2005 foi um factor potenciador de fogos florestais. "No ano de 2005, a quase totalidade do território continental nacional esteve sujeita a risco meteorológico elevado", precisou o responsável. A Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) - pertencente à orgânica do Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas - aponta no relat ório o fogo posto como a causa mais evidente dos incêndios em Portugal. Em 2005, apenas 2,2 por cento dos incêndios florestais ficaram a dever- se a causas naturais, enquanto o uso negligente do fogo representou 26,8 por cento, causas acidentais 8,2 por cento, intencionais 35,4 por cento e indeterminadas 27,4 por cento. Segundo refere o relatório, "a percentagem das diversas causas de orige m humana difere regionalmente, com uma predominância das causas intencionais no litoral centro e norte, do uso negligente do fogo no norte e centro interior, da s causas acidentais no centro interior e região alentejana, apresentando o Algarve uma representatividade equivalente dos três tipos de causas". "As causas naturais correspondem a percentagens sempre reduzidas, com alguma expressão apenas no interior centro e no Alentejo", acrescenta o documento , elaborado pela Divisão de Defesa da Floresta Contra Incêndios da DGRF, segundo a qual "as mesmas tendências podem verificar-se para as diferentes regiões de Espanha". Em Espanha, por exemplo, utiliza-se a percentagem de incêndios com um tempo de chegada dos bombeiros inferior a 15 minutos como indicador de eficácia. "A situação em Portugal indica que os tempos de chegada são, em geral, bastante curtos, concentrando-se cerca de 80 por cento dos incêndios no interval o de zero a 20 minutos", segundo o relatório apresentado hoje à comunicação social e a diversas entidades com interferência na área da prevenção e combate aos fogos. Em 2005 os incêndios florestais em Portugal mataram 16 pessoas, mas em anos anteriores também se registaram mortes provocadas pelos fogos: 14 em 1985, 13 em 1986, quatro em 2002, 20 em 2003 e duas em 2004. |