Um caso de burla envolvendo negócios em Portugal, Espanha e Angola começa a ser julgado quarta-feira na sede dos Bombeiros de Ílhavo, devido à incapacidade do Tribunal para acolher os 22 arguidos e respectivos advogados. O processo resulta de uma investigação desenvolvida pela Polícia Judiciária de Aveiro, em 2002, a uma rede que, servindo-se do bom-nome de uma empresa entretanto adquirida, contratou a crédito diversos fornecimentos, vendendo e exportando depois as mercadorias sem efectuar o respectivo pagamento. A investigação policial reuniu volumosa documentação contabilística e bancária e levou à detenção daqueles que se presume serem os principais responsáveis pelo crime. O único arguido que não chegou a ser localizado pela PJ foi o homem cujo nome serviu para efectuar os negócios e que, segundo a acusação, não era afinal um empresário, mas um indigente que emprestou a sua identidade. Um dos principais arguidos ficou em prisão preventiva e o outro em prisão domiciliária, mas no julgamento de Ílhavo vão estar acompanhados de mais duas dezenas de arguidos que, de alguma forma, tiveram participação na burla. O grupo, segundo a acusação, adquiriu uma reputada empresa de São João da Madeira, com a qual começou a fazer encomendas de diverso tipo de mercadorias, pagando a primeira remessa para poder beneficiar de crédito para as entregas seguintes, que nunca chegaram a ser pagas. Os bens eram depois armazenados nas zonas de Santa Maria da Feira, Montijo, Palmela e Pinhal Novo e vendidos abaixo dos valores de mercado em Portugal ou no estrangeiro. As exportações dirigiam-se para Espanha, onde os arguidos possuíam duas empresas registadas, e para Angola, onde tinham um parceiro para escoar os produtos, que também não chegou a ser localizado pelos investigadores. Neste processo terão sido burladas 39 empresas portuguesas, que forneceram bens tão diversos como automóveis, computadores e electrodomésticos, produtos alimentares, rações e produtos de higiene e limpeza. |