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17-01-2006

Concerto de Reis na Igreja matriz


Orfeão de Recardães no Zambujal

O Orfeão de Recardães foi convidado, pela segunda vez, para participar num Concerto de Reis na Igreja matriz do Zambujal (Condeixa-a-Nova).

Esta repetência explica-se pelas amizades velhas (de décadas) de elementos das duas colectividades e pelo reconhecimento do esforçado propósito do presidente da Junta para combater o isolamento da sua freguesia, “do Portugal interior, provinciano, esquecido”.

Sendo que o edil que sabe fazer a troca e, em lugar do canto polifónico que recebe, oferece a cordialidade pessoal e das suas gentes, a lição de convivialidade e união para resistirem ao abandono, para mostrarem e exaltarem o valor dos seus produtos e da genuína arquitectura ancestral que utilizava a pedra (calcário da região), a madeira e a telha lusa.

E essa riqueza patrimonial tem atraído investidores locais, mas também coimbrões, madeirenses e outros que ali vêm adquirir e restaurar parte do património habitacional que com os tempos foi ficando devoluto, ou abandonado, muitas vezes já para as bandas da ruína.

Com oportunidade, o convite inicial para o Concerto de Reis acabou por sugerir que o Orfeão apoiasse o grupo local a cantar as janeiras - e como tal ajudasse a tornar mais produtivo o peditório para certas iniciativas culturais. Letras e músicas e ritmos ora alternavam ora se fundiam. E assim ombrearam e se cotejaram as tradições.

O espectáculo e a magia foram crescendo pela tarde fora. O canto e a saudação que aconteciam diante de cada porta tinham como efeito a colecta do óbolo e a integração de nova voz que vinha ampliar o cortejo que, em efeito, serpenteava cada vez mais longamente pelas rústicas vielas e quelhas de nomes sugestivos: rua do Malbar, rua do Chandeiras [chão de eiras?], do Choiso, do Choisolinho, da Picota... Ruas com baptismo longínquo, a evocar a dimensão telúrica do Zambujal - terra de zambujos, conhecidos também como zambujeiros, oliveiras-bravas ou oleastros...

Nestas terras de Sicó que teimam em manter aberta a sua janela para o mundo, para além das nozes, figos, jeropiga, e o demarcado “queijo do Rabaçal”, o Orfeão de Recardães encontrou amistosa franqueza; pôde partilhar e divulgar a música coral; e com ela gerar mais convívio, fazer mais amizade.


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