A Associação Comercial e Industrial da Mealhada (ACIM), com o apoio da Câmara Municipal local, associações e restaurantes, vai realizar a primeira edição do Festival do Leitão, confirmou ao Jornal da Bairrada Carlos Cabral, presidente da câmara. “Salvaguardar o bom-nome do leitão” A decisão foi tomada, na última sexta-feira, numa reunião onde participaram restaurantes, assadores de leitão independentes e associações, a Associação dos Industriais de Hotelaria e Restauração do Centro, a Associação dos Hoteleiros e Industriais do Leitão Assado à Bairrada, a Junta de Turismo de Luso-Buçaco e a Confraria do Leitão da Mealhada. Este festival está inserido numa estratégia para salvaguardar o bom-nome e a qualidade do leitão assado que, segundo Carlos Cabral, “tem vindo a ser alvo de uma campanha fortemente lesiva do bom nome que é devido ao excelente prato gastronómico em que tão bem se especializaram dezenas de restaurantes e assadores de leitão do Concelho da Mealhada, e que assume uma importância económica para o Concelho que urge salvaguardar”. Segundo Carlos Cabral, uma das principais conclusões do encontro passa “pela necessidade imperiosa de reafirmar a qualidade do leitão que é reconhecidamente boa”. O edil refere que “esta campanha lesiva não foi desencadeada agora”. Muito antes, o município da Mealhada já tinha sido confrontado com “interesses antagónicos de outros concelhos que tentam denegrir os restaurantes e o leitão da Mealhada, consumido por milhares de pessoas”. “Nem tudo é mau” Relativamente à notícia publicada por um semanário nacional, “foi apenas uma gota no oceano, acrescentando que existem novas situações lesivas da dignidade da Mealhada. “Surgiu mais uma publicação da Brisa e do Automóvel Clube de Portugal onde se pode ler que não é na Mealhada que se encontra o melhor leitão”, acrescenta o autarca, lamentando a falta de rigor destes trabalhos. No entanto, nem tudo é mau e Carlos Cabral refere que existem artigos publicados na imprensa estrangeira - como é o caso do New York Times - que defendem a boa qualidade do leitão. A data da realização do Festival do Leitão ainda não é conhecida, mas Carlos Cabral afirma que a iniciativa decorrerá num período de 10 a 12 dias, e o evento será realizado nos próprios restaurantes. Trata-se de num festival que funcionará como um circuito onde está incluído um programa cultural. “Mas não será seguramente leitão a saldo”, explica o edil. 12 dos 55 restaurantes da Mealhada já aceitaram participar, no entanto, as perspectivas é que outros se juntem. João Lousado reclama ideia Entretanto, o antigo vereador da Câmara Municipal da Mealhada, João Lousado, já veio a público afirmar que “da mesma forma que as boas ideias de quem detém um cargo para representação do povo, não devem morrer no silêncio do politicamente conveniente e devem ser postas ao serviço da comunidade, também a comunidade e/ou as associações que a representam, tem a obrigação de atribuir “o seu a seu dono”. “Apesar do contributo que, com muito gosto, dei para a fundação da confraria, entregando à Câmara Municipal da Mealhada mais de 200 páginas de documentação e um portfólio de ideias para a realização daquilo a que chamei “Festa da Confraria” que incluía por exemplo pré-imagens da decoração para a “Avenida do Leitão” (EN-1) e ruas da cidade, placas para identificação dos restaurantes aderentes, não houve até à data qualquer contacto quer por parte da Confraria do Leitão, quer por parte da ACIM no sentido de colocar em prática a minha ideia”. Lousado refere ainda que “ainda assim não posso deixar de registar com agrado que a Câmara Municipal não esqueceu a minha proposta. Espero que façam o mesmo com as outras (muitas) que apresentei durante o mandato, umas aprovadas pela Câmara e outras que apesar de reprovadas (quiçá por razões políticas), mereceram, claramente, a simpatia e “aprovação” dos membros da Câmara. “O Concelho da Mealhada acima dos interesses (pessoais e partidários)”, conclui João Lousada. Carlos Cabral afirma ainda ao Jornal da Bairrada que a ideia da realização do Festival do Leitão surgiu no decorrer da reunião por um dos intervenientes e que por isso não é “pai do Festival”, sublinhou o edil. Pedro Fontes da Costa pedro@jb.pt |