A Associação Comercial e Industrial de Águeda (ACOAG) vai votar (num voto não vinculativo), na próxima reunião da Comissão Municipal de Licenciamento Comercial, contra a instalação do “Águeda Retail Park” nas instalações da antiga fábrica de motorizadas Famel.

Trata-se de um investimento de vários milhares de euros que vai trazer para Águeda dezenas de lojas, booling, e um hotel de três estrelas.

Defesa do comércio tradicional

Alberto Marques, presidente da ACOAG, disse ao Jornal da Bairrada que “não se trata, simplesmente, de votar contra por definição, mas porque pretendemos conhecer melhor o projecto e defender os comerciantes de Águeda”.

Este responsável argumenta que a lei do licenciamento dos grandes espaços comerciais prevê a promoção do equilíbrio das grandes superfícies em relação ao comércio tradicional, mas “isso não acontece de Norte a Sul do país”.

“A Lei dos licenciamentos em grande escala deve ser aplicada em acções de promoção e defesa do comércio tradicional, criando espaços de estacionamento e outras mais valias para salvar o comércio regional”, defendeu o presidente da ACOAG.

Maus tempos

Alberto Marques vaticina maus tempos para os comerciantes de Águeda, e argumenta que “a desertificação do comércio de Águeda vai ser uma realidade nos próximos anos, disso não tenho dúvidas", reforçou.

“Entendemos que Águeda está hiper saturada de superfícies comerciais. Temos de tudo um pouco, desde o Modelo, Lidl, Intermarché, Feira Nova, e, agora, vêm a caminho mais uma dezena de lojas âncora (lojas franchisadas)”.

O líder associativo diz não ter dúvidas de que “é o comércio tradicional que vai sofrer, até pela enorme concorrência generalizada que se instala no mercado”.

Alberto Marques explica ainda que existe um acordo com a Confederação de Comércio e Serviços de Portugal no sentido das associações comerciais não marcarem presença nas reuniões das Comissões Municipais de Licenciamento para votarem, uma vez que nunca somos ouvidas”.

No entanto, “como vai ser a primeira presidida pelo novo presidente da câmara, a ACOAG vai comparecer para saber qual é a política da câmara em relação à aprovação de novos espaços, já que este foi aprovado pelo anterior executivo”.

Uma cidade animada

Gil Nadais confirmou ao Jornal da Bairrada que foram pedidas informações prévias para o projecto, sublinhando que “não podemos fechar os olhos e criar novas ilhas em Águeda". "Se há um investimento que seja feito em Águeda, temos que procurar soluções para que o pequeno comércio não seja afectado”, afirmou o edil.

O autarca diz ainda que é necessário “apoiar o comércio tradicional, senão Águeda corre o risco de ficar desertificada”, justificando que “a abertura do “Águeda Retail Park” em conjunto com a implementação de medidas, ainda a estudar, poderá ser benéfica para o comércio de Águeda.

“Quem vem a Águeda fazer compras às grandes superfícies também poderá ir ao pequeno comércio. Temos é que criar estruturas", explica Nadais, pois “queremos uma cidade animada e estaremos ao lado do pequeno comércio”. “Não é só a câmara que aprova o projecto, mas, sim, um conjunto de organismos estatais que dão pareceres positivos ou não”, reforçou o edil.

Caixa

O novo espaço comercial, que integra 31 estabelecimentos comerciais, distribuídos por cinco pisos, armazéns, serviços de apoio e escritórios, vai ocupar uma área bruta de 10.566 m2. 6.391 m2 são de construção.

O empreendimento, a ser erguido na antiga sede da Famel, em Alagoa (junto à entrada norte da cidade de Águeda), prevê ainda instalação de salas de cinema, booling, lojas e um hotel de três estrelas.

A este projecto, acrescem porém outros pedidos de licenciamento para os arredores da cidade de Águeda, mormente, a cadeia “Mini Preços, a instalar-se em Alagoa, e o “Plus”, em Assequins.