A via que liga o lugar de Canha, na freguesia de Arcos, à povoação de Mogofores, ao longo do Rio Cértima, está a ser utilizada, de uma forma ilegal, como aterro de entulhos. O alerta foi avançado ao nosso jornal por um morador, alarmado com a proporção que o aterro está a tomar. Numa extensão de mais de cem metros, a via que liga estas duas povoações do concelho de Anadia, está a ser alvo de um “atentado ambiental sem precedentes”, avançou a JB um residente que não se recorda de, no local, assistir a tamanho desmando. Na realidade, o local é propício a este tipo de situações, já que se trata de um local quase desabitado e com pouco movimento, onde abundam apenas terrenos de cultivo e pequenas hortas. A via, embora antiga, foi, há poucos anos, alvo de uma recuperação por parte da autarquia anadiense que, após a limpeza do Rio Cértima, pavimentou esta quase desconhecida ligação entre Canha e Mogofores que veio facilitar e tornar bem mais rápida a ligação entre os lugares. Mas a verdade é que se, até agora, quem por ali passava se deliciava a ver pequenas hortas e quintais, bem tratados e zelados, agora, tem também a possibilidade de apreciar um gesto de desrespeito pelo ambiente e pela qualidade de vida das populações. Para além de vários montes de terras e areias, despejadas na berma de um dos lados da via, foram, ilegal e clandestinamente, despejados também todos os tipos de entulhos (caliços, azulejos, tijolos, vigas de cimento e muitos pedaços de alcatrão). O caso assumiu proporções tão grandes que duas viaturas que, em situação normal, já teriam alguma dificuldade em se cruzar neste estreito troço de estrada, vêem-se, agora, obrigadas a ceder passagem porque parte do entulho já ocupa a via pública impedindo o cruzamento dos veículos no local. A revolta dos moradores é tal que já alguém se deu ao trabalho de no local colocar uma placa bem elucidativa desse mesmo descontentamento e onde se pode ler uma interessante questão: “quem foi o irresponsável que pôs aqui o lixo?” Contactado o autarca de Arcos, Fernando Fernandes, que já tinha sido alertado para o caso por um munícipe, avançou que “a Junta de Freguesia já diligenciou dar conhecimento, por escrito, à Câmara Municipal da situação”, solicitando também “medidas urgentes para pôr cobro às descargas ilegais de resíduos e entulhos naquele troço”. Fernando Fernandes, indignado com o que diz ser uma “grande falta de respeito ambiental e civismo” afirma que “actos desta natureza deveriam ser severamente penalizados, não só porque colocam em perigo a segurança rodoviária no local - a estrada é sinuosa e estreita - mas porque também dá uma péssima imagem da freguesia a quem por ali passa”. Catarina Cerca |