As empresas do distrito de Aveiro deixaram, desde de segunda-feira, de poder entregar os lixos banais (não perigosos) no Aterro Sanitário de Aveiro, face a uma decisão do concelho da União Europeia que proibiu a recepção deste tipo de lixos. A Associação Industrial de Águeda (AIA) diz que sem a apresentação de qualquer alternativa adequada, a ERSUC (Empresa de Resíduos Sólidos do Centro) revela “no mínimo falta de consideração”, enquanto que a Associação Industrial da Bairrada (ACIB) afirma que “estamos perante um grande problema”. “Reaprecie o procedimento” Miguel Coelho, secretário-geral da AIA, diz que a associação já se mostrou contra a medida tomada pela ERSUC e argumenta que da análise efectuada às directivas comunitárias, não constatou “quaisquer referências específicas a resíduos industriais banais que os distinguisse de outros resíduos não perigosos”. Por isso, a AIA pede à ERSUC que “reaprecie o procedimento indicado na circular enviada às empresas”. Miguel Coelho argumenta que “será, portanto, lógico concluir que as exigências impostas à admissão de resíduos em aterros também abranjam os resíduos domésticos não recicláveis, sujeitos igualmente a processos de controlo e monitorização”. “Mas cremos que não ser propósito da ERSUC suspender, por idêntico período a recolha de resíduos domésticos, com vista à reformulação de todo o processo de aceitação no Aterro Sanitário de Aveiro”, refere Miguel Coelho, sublinhando que “tal medida colocaria indubitavelmente em risco a salvaguarda da saúde pública com repercussões gravosas a nível social e ambiental”. Tempo de adaptação Este responsável argumenta ainda que “as empresas utilizadoras dos serviços da ERSUC, são clientes e como tal devem merecer a melhor atenção e respeito”, explicando que “as empresas não podem ser afectadas pelas necessidades organizativas da ERSUC que poderia ter iniciado a sua adaptação as exigências comunitárias, há um ano atrás. “Teria então um ano de adaptação e a possibilidade de alertar atempadamente os seus clientes para as novas regas aplicáveis”, refere este responsável. Entretanto, Miguel Roque, presidente da ACIB, garante “estarmos perante um problema de gravidade extrema”, questionando-se “se a decisão estará em vigor até ao dia 31 de Janeiro, ou será esta a data previsível, como é referido no ofício”. Miguel Roque explica que ACIB vai enviar um ofício à ERSUC, dando conta das dificuldades das empresas. O administrador Delegado da ERSUC, Alberto Santos, confirmou ao JB a gravidade do problema, mas não adianta soluções nem aponta datas para a sua resolução. Confirmou ainda que dos três aterros que a ERSUC possui (Aveiro, Coimbra e Figueira da Foz) só o aterro de Aveiro recebia os resíduos banais, uma vez que face à licença de exploração, os aterros de Coimbra e Figueira da Foz já deixaram de receber estes lixos. Pedro Fontes da Costa pedro@jb.pt |